“O livro da divina consolação”, por Mestre Eckhart
“O livro da divina consolação“, escrito por Mestre Eckhart, frade dominicano, tido como um dos principais místicos da Idade Média, que escreveu muitos textos e proferiu homilias de grande beleza e profundidade, caracterizados por uma linguagem paradoxal, foi escrito para a rainha Inês da Hungria, que enlutada pela morte de seu marido, precisa comprometer suas joias para sua sobrevivência. Assim, num contexto de sofrimento e dor, Mestre Eckhart escreve sobre a divina e verdadeira consolação, lembrando que no sofrimento encontram-se chances de crescimento espiritual.
Eckhart descreve sobre o nascimento, isto é, o desenvolvimento de uma vida admirável e venturosa, própria do homem bom e justo. Bondade e Justiça são atributos divinos, e o homem deve desenvolver esses atributos, nascendo, assim, para o alto, revelando sua filiação divina. Deste modo, esse homem será inabalável na serenidade e na paz.
No pensamento deste grande mestre, e isto é verificável no livro da Divina Consolação, a renúncia de si é um dos grandes fundamentos. Sendo assim, Eckhart exorta aos seus leitores que busquem e aspirem somente a vontade de Deus, revestindo-se dela e se despojando de toda vontade própria. Tal atitude deriva da certeza de que é impossível a Deus querer algo que não seja bom, assim, nutrindo perfeita confiança, o homem busca unir sua vontade a vontade de Deus.
Sustentando-se em Santo Agostinho, Mestre Eckhart convida o ser humano, em sua totalidade, a buscar a liberdade frente a todas as coisas criadas, que por sua vez são transitórias e fonte de desconsolo; caso contrário, a pessoa estará virando as costas para Deus, fonte de toda consolação. Por isso, devemnão querer os bens, mas a Bondade, que é o próprio Deus, aprendendo a dizer: Nada queremos senão a Ti.
Por fim, neste livro o tema da união divina é constante. Neste sentido, para unir-se a Deus a alma deve estar nua, vazia e pobre. Sofrimento e dor devem também conduzir a isso, sendo entendidos como oportunidades para uma aproximação da presença consoladora de Deus.
Leonardo Henrique Agostinho, MSC
Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração,
formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP.
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