O Curador Ferido

Publicado inicialmente em 1972, “O Curador Ferido” continua relevante, capaz de iluminar e inspirar seus leitores, revelando e corroborando com a ideia de que os escritos de Henri Nouwen são atemporais e gozam de popularidade duradoura. Os quatro capítulos desse livro gravitam em torno da seguinte pergunta: “O que significa ser um ministro na sociedade contemporânea?”, buscando elucidar os problemas do ministério no contexto atual. Contudo, não é o objetivo da obra ser um manual para ministros, mas apresenta-se como uma chave de leitura.

Nouwen aborda diferentes questões nos capítulos, fazendo uma análise de como se encontra a sociedade as gerações atuais e aponta as características que devem permear a vida daqueles que se dedicam a ser ministros do Evangelho. Assim, importante notar que essas páginas não se destinam apenas aos ministros ordenados, mas à todo os batizados, que professam sua fé no Cristo e buscam segui-lo.

Deste modo, o autor entende a liderança exercida pelos cristãos como um ministério, isto é, como um serviço. Nesse sentido que ele instrui os cristãos e serem homens e mulheres de esperança, capazes de inflamar o próximo e lhes oferecer uma dose de animo, sendo empático e aberto ao outro. No fundo, compreende-se que a solidariedade e a compaixão devem ser duas características profundas e marcantes na vida destes homens e mulheres.

Depois de fazer um diagnóstico de como estão as pessoas na contemporaneidade, Nouwen aponta os princípios fundamentais que uma liderança cristã deve apresentar. Superar a indiferença, sendo capaz de rir com os que estão alegres e chorar com os que estão tristes; compreendendo sempre que não cabe uma atitude de distância e não comprometimento. É preciso entrar na vida das pessoas, ouvir seus gritos de socorro, tocá-las e senti-las. Em outras palavras, os ministros devem desenvolver a hospitalidade para com todos.

Por fim, o ministro é convidado a trilhar um itinerário de liberdade e interioridade, caso contrário não será capaz de guiar e orientar as pessoas que buscam ajuda no caminho, é convidado também a rejeitar toda exclusão e fechamento em si, buscando superar as distâncias que se colocam entre as pessoas e a mensagem do Evangelho. O ministro deve ter claro que todos, orientadores e orientandos, partilham da mesma condição, isto é, a de ser humano; esta clareza ajudara num caminho de companheirismo e partilha no seguimento de Jesus Cristo e na construção de um mundo novo e melhor.

Leonardo Henrique Agostinho, MSC
Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração,

formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP