História Digital
O livro História Digital – A Historiografia diante dos recursos e demandas de um novo tempo – organizado pelo historiador José D’Assunção Barros e publicado pela Editora Vozes – aborda as diversas relações, desafios e possibilidades que surgem na combinação da História com a sociedade digital que se consolidou a partir da última década do século XX. São ensaios escritos por nove historiadores, abrangendo aspectos diversificados do tema – como a própria história que conduziu à revolução digital, o trabalho e desafios dos historiadores na sociedade digital contemporânea, as redes sociais e plataformas disponíveis, o uso das fontes virtuais e digitais pelos historiadores, os aplicativos que podem favorecer e beneficiar a historiografia, e muitos outros aspectos.
Já de saída, o próprio organizador, José D’Assunção Barros, desenvolve um ensaio no qual começa por discutir a revolução digital no quadro mais amplo das quatro grandes revoluções tecnológicas que mudaram o mundo desde o princípio da aventura humana no planeta Terra: revolução agrícola, revolução urbana, revolução industrial, e, por fim, revolução digital. O autor desenvolve, também, uma proposta para a historiografia trabalhar teoricamente e metodologicamente com o ciberespaço, e na última seção do ensaio discute os desafios dos historiadores neste limiar de uma nova era que já pode ser definida como “sociedade digital”.
Em seguida, os demais autores – Fábio Chang, Débora Andrade, Lucas Piantá, Pedro Terres, Eric Brasil, Leonardo Nascimento, Odir Fontoura, Danielle Lacerda – abordam temáticas que vão desde o tratamento das redes sociais como objeto historiográfico, até o uso de plataformas como o Youtube e Wikipedia, a incorporação de aplicativos e programas no trabalho dos historiadores, e uma reflexão sistematizada sobre as diferentes fontes digitais e fontes virtuais hoje disponíveis aos historiadores.
Muitos questionamentos aqui se abrem e são discutidos atentamente pelos autores de História Digital. Como a História – uma disciplina que se baseia no compromisso de analisar efetivamente a realidade e de construir um conhecimento verdadeiro – pode se confrontar contra o problema das fake news e do uso da Internet para a propagação de informações falsas e discursos de ódio? Qual a diferença entre ‘fontes digitais’ e ‘fontes virtuais’ – e o que os historiadores precisam saber e considerar no âmbito de uma metodologia apta a trabalhar com o ambiente da Internet e com os registros produzidos pelo extraordinário desenvolvimento da tecnologia nos últimos anos? Qual a responsabilidade social dos historiadores neste mundo contemporâneo cuja principal característica é a acelerada transformação, seja no âmbito tecnológico, social ou político? A Wikipedia e o Youtube – entre outras plataformas e redes sociais – podem ser úteis aos historiadores, seja como fontes, seja como suportes para a apresentação de trabalhos historiográficos? De que aplicativos e recursos computacionais, e de que tecnologias podem se valer os historiadores de hoje para otimizar o seu trabalho? Como a escrita da História poderá se modificar a partir do mundo contemporâneo, ao incorporar as possibilidades das lives, podcasts, textos virtuais, criação de ambientes holográficos, e ao utilizar a própria Internet e os mais modernos recursos da informação e comunicação para desenvolver uma História Pública e chegar aos diferentes setores sociais ávidos de consumir historiografia?
Estas perguntas e reflexões são percorridas sistematicamente pelos autores de História Digital, que se reuniram para produzir um dos primeiros livros no Brasil a refletir inteiramente sobre os diversos aspectos envolvidos na relação da historiografia com os desafios e recursos proporcionados pela Revolução Digital em nosso mundo contemporâneo.
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