O Absurdo e a Graça
Jean-Yves Leloup, na proximidade de completar quarenta anos, redigi sua autobiografia. Três são as motivações que o lançam nessa empreitada: (1) colocar-se diante do olhar de Deus, confessando sua vida, num momento em que está para retornar seu serviço à Cristo e à Igreja, seguindo a sugestão do bispo que lhe acolhe; (2) o pedido de seu editor, que se interessa pela experiência interior, de modo geral, e aspirou uma partilha da experiência de fé de Leloup; e, (3) vivenciar de forma plena esse momento, em que se aproximava do aniversário de quarenta anos, parando e analisando sua história e trajetória.
O livro não é uma confissão no sentido sacramental, mas um repassar e rememorar a própria história, visualizando as quedas e as reabilitações. Assim, narra-se na obra uma experiência integradora, que unifica a dimensão humana e espiritual, tanto que o autor escreve: “receio faltar humanidade em minha busca de Deus e faltar espiritualidade em minha vida cotidiana”.
Com a leitura de O absurdo e a graça, faz-se mais do que acompanhar a história e a trajetória de Jean-Yves Leloup, mas percorre-se um itinerário, acompanhando os relatos e testemunhos, mergulhando numa experiência profunda, pautada nos episódios habituais e numa abertura a algo maior, isto é, a presença de Deus; que muitas vezes se revela através das pessoas, visitando com sua graça, o cotidiano e, muitas vezes, o absurdo.
A autobiografia conduz o leitor a uma viagem, pois Leloup descreve os vários lugares nos quais passou e as experiências e aprendizados que adquiriu. Assim, passa-se pela Índia, Istambul, Monte Atos e vários outros lugares. A experiência de Jean-Yves Leloup foi a de se tornar um peregrino; com ele, aquele que se debruça sobre o livro autobiográfico, torna-se também um peregrino.
Em O absurdo e a graça percebe-se o despertar de um homem à realidade transcendente que o habita. Verifica-se, ainda, a busca interior de um ser humano, que experimentando diferentes caminhos, faz um trabalho de integração, de si, que reflete nas dimensões corporal, afetiva e espiritual, também integradas nesse processo. Por fim, a experiência maior de Jean-Yves Leloup é a da graça que o visita no coração do absurdo.
Leonardo Henrique Agostinho, MSC
Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração,
formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP.
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