Filósofo lança livro com nova percepção sobre o surgimento das liberdades democráticas
Vivemos tempos de intolerância e ameaças às liberdades democráticas duramente conquistadas, como as de pensamento, expressão e crença religiosa. Para melhor valorizar e defender essas liberdades, é essencial conhecer sua origem e desenvolvimento.
Esse é o tema do livro recém-lançado pelo professor de filosofia Humberto Schubert Coelho. Fruto de mais de uma década de pesquisas no Brasil, Alemanha e Inglaterra, apresenta uma nova percepção sobre o processo de construção e conquista das liberdades democráticas que hoje nos parecem tão naturais.
Geralmente, acredita-se que essas liberdades democráticas foram criadas à canetada por governantes ou por líderes e movimentos sociais nos séculos XIX e XX. Entretanto, o conceito dessas liberdades sequer existia antes de ser debatido por filósofos e religiosos, trezentos anos antes.
A história das liberdades políticas de que hoje usufruímos, as noções fundamentais de respeito às diferenças, direitos humanos e direito de consciência ou expressão, evoluíram a partir do debate filosófico sobre questões religiosas.
Disputas sobre crenças e práticas religiosas inflamavam a população nos séculos XV a XVII. Tais contendas já foram motivos para guerras e ajudaram a definir as fronteiras de alguns países.
Mas essas disputas foram resolvidas, em grande parte, a partir de reflexões sobre questões mais profundas, de ordem filosófica, como a ideia de que todos são dignos, porque filhos de Deus, e de que não vale uma fé que não esteja baseada na liberdade de escolha.
Além de contar a história da liberdade baseada na história da liberdade religiosa, o livro do prof. Humberto Coelho mostra como a história das ideias contribui na definição da história política e social; e como os acontecimentos, antes de serem concretizados, precisam primeiro ser pensados e idealizados.
O livro é uma parceria da Editora Vozes com o IHPV.
Prof. Humberto Schubert Coelho é Professor de Filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e coordenador da área de Humanidades do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da UFJF (NUPES). Foi pesquisador visitante no Centro de Ciência e Religião da Universidade de Oxford. Realizou doutorado sanduíche em Ciência da Religião na UFJF e na Martin-Luther Universität Halle (Alemanha, onde trabalhava Matinho Lutero) e pós-doutorado na Escola Superior de Teologia (EST).
Contato:
Email: humbertoschubert@yahoo.com.br
Sobre a obra:
R$ 65,00
A liberdade no Ocidente muitas vezes é abordada apenas sob o seu aspecto social e político, mas a fé nas suas diversas expressões, o interesse transcendente, o elemento religioso que cala fundo na alma humana, quase sempre tiveram papel central nesse tão importante debate. Caso as várias doutrinas e instituições religiosas não tivessem feito parte da nossa história, muito daquilo que pensamos e decidimos talvez nem teria sido cogitado. Algumas das grandes oposições do imaginário moderno derivam dessa ascendência da religião sobre a cultura. Ortodoxia e heresia, ciência e religião, razão e fé, catolicismo e protestantismo, conformidade e dissidência, filosofia e teologia, fundamentalismo e secularização, dentre outras tantas tensões dialéticas, ajudaram a traçar as linhas de fronteira, bem como os debates, as definições e as tomadas de posições necessárias para a convivência, harmoniosa ou não, no mundo moderno. Filósofos – religiosos, sem religião ou antirreligiosos – frequentemente contribuíram para o debate sobre a natureza da fé, os limites do saber teológico e o lugar da religião na sociedade. Não poucas vezes, elucubrações metafísicas, investigações éticas e teorias políticas impactaram, seja a percepção pública, sejam as próprias posições das igrejas a respeito de temas doutrinais. Teólogos ou líderes espirituais propiciaram transformações da consciência coletiva, ora atuando sobre a doutrina, ora sobre a experiência de fé da população em geral. Embora a Reforma e o Iluminismo tenham posição de destaque nas histórias da filosofia ou da religião, nem sempre ficaram evidentes as conexões entre ambos e o debate fundamental sobre a natureza (metafísica) e sobre o lugar (ético e civil) da religião na vida dos indivíduos. É esta a lacuna que o presente estudo se propõe a preencher.
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