A busca da justa medida

Por: Leonardo Boff

A busca da justa medida
A busca da justa medida

Este livro é a continuação da obra anteriormente publicada em 2022, O pescador ambicioso e o peixe encantando: a busca pela justa medida. Se no primeiro livro se preferiu o gênero narrativo com o uso de contos e de mitos ligados à justa medida, neste A busca da justa medida: Como equilibrar o planeta Terra procura-se de uma forma mais reflexiva ir às causas que nos levam a perder a justa medida ou o ótimo relativo.

A justa medida constitui um valor universal, presente em todas as culturas e representa um dos pontos mais importantes de todos os caminhos éticos. Encontrava-se inscrita nos pórticos dos templos ou nos edifícios públicos, seja do Egito, da Grécia e do Império romano e alhures. A virtude da justa media significa o caminho do meio, o nem demais e o nem de menos e a dose certa. Ela se opõe a todo excesso e a toda ambição exagerada (hybris em grego). Ela recomenda o autocontrole e a capacidade de desprendimento.

Parte-se de um fato concreto: a intrusão do Covid-19 que afetou somente a humanidade e não os demais seres vivos. Ela é consequência direta da sistemática agressão de nosso modo de habitar o planeta Terra, destruindo os habitats dos vírus. Sem seus nichos vitais, eles avançaram sobre os seres humanos provocando a morte de milhões de pessoas. Portanto, faltou-nos a justa medida entre a intervenção necessária na natureza para garantir nossos meios de vida e a ambição exagerada de super-explorar os bens e serviços naturais, mais do que precisávamos, em vista da acumulação e do enriquecimento. Desta forma, a Terra viva perdeu seu equilíbrio dinâmico e nos enviou através do coronavírus uma mensagem de cuidado, de autocontrole e de superação de todo o excesso. Esse foi o sentido do confinamento social, do uso de máscaras e da urgência de usarmos as devidas vacinas. Tudo parece indicar que não aprendemos a lição, pois a grande maioria voltou ao antigo normal.

Bem dizia o pensador italiano Antônio Gramsci: “a história é mestra mas quase não tem alunos”. De todas as formas, restou-nos a lição de que devemos alimentar uma relação amistosa e com a media exata e justa em todas as coisas, se quisermos garantir um futuro para a vida humana e para a nossa civilização.

A causa mais imediata e visível da ruptura da justa medida reside no capitalismo como modo de produção e no neoliberalismo como sua expressão política. Conhecidos são os mantras de ambos: o lucro acima de tudo, a concorrência como seu motor, a exploração ilimitada dos recursos naturais, o individualismo, a flexibilização das leis para desimpedidamente poder realizar seu intento. Se tivéssemos seguido tais mantras, grande parte da humanidade teria sido gravemente afetada. O que nos salvou foi a centralidade da vida, a interdependência entre todos, a solidariedade de uns para com os outros, o cuidado para com a natureza e as leis e normas que limitam os oligopólios, geradores de pobreza de grande parte da humanidade e de uma lógica de exploração ilimitada das riquezas da Terra.

O livro coloca a pergunta: é possível viver a justa medida dentro deste sistema hoje globalizado? Responde mostrando ser possível, desde que passemos da cultura do excesso, para uma cultura da justa medida, desenvolvendo um novo modo de habitar a Terra, sentindo-nos parte dela e irmãos e irmãs de todos os demais seres. Para isso importa uma ética da justa medida no nível pessoal e comunitário, na política e na economia, na educação e na espiritualidade.

Ou organizamos nossas sociedades dentro dos limites do planeta Terra, vivendo em tudo a justa medida, ou estaremos colocando em risco o nosso futuro.

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Leonardo Boff foi por mais de 20 anos professor de Teologia no Instituto Teológico Franciscano em Petrópolis. Também foi professor de Ética, Filosofia da Religião e de Ecologia Filosófica na Universidade Estadual do Rio de Janeiro e professor-visitante em várias universidades estrangeiras. Foi membro da Iniciativa Internacional da Carta da Terra e galardoado em 2001 com o Prêmio Alternativo da Paz pelo Parlamento Sueco. Escreveu dezenas de livros, a maioria publicados pela Editora Vozes, especialmente os livros com muitas edições: A águia e a galinha – Uma metáfora da condição humana; O despertar da águia – O diabólico e o simbólico na construção da realidade; Jesus Cristo Libertador; Cristianismo: o mínimo do mínimo; Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres; O Tao da Libertação – Explorando a ecologia da transformação, em coautoria com o cosmólogo Mark Hathaway. Resumiu sua visão filosófica e teológica ao completar 80 anos com Reflexões de um velho teólogo e pensador, em 2010. Seu livro mais recente foi A amorosidade do Deus-Abba e Jesus de Nazaré.



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