Thomas Merton – O mentor de almas
Por: Cristóvão Meneses
Thomas Merton, considerado o católico americano mais influente do século XX, não precisa de grandes apresentações por já ser familiar a muitos de nós, devido ter se tornado um porta-voz de nossos anseios, preocupações e desejos mais profundos. Entretanto, algumas passagens de sua vida e de seu tempo precisam ser consideradas para uma compreensão dos porquês de um ambiente interior tão vazio e, ao mesmo tempo, povoado por Deus.
Contexto Histórico
As circunstâncias bombásticas em que Merton nasce para o mundo, somada com sua personalidade explosiva, demonstra o eixo em torno do qual girou toda sua vida e obra: um vórtice para onde convergiam os dramas de uma sociedade em colapso moral e carente das grandes verdades da fé.
Merton é filho da 1ª Guerra Mundial que estourava ali perto de “certas montanhas francesas”. A passividade das pessoas de sua época o fez acreditar que era um espectador culpado de um mundo em degradação na metade do século XX. Inquieto, conseguiu transcender o claustro, e seu profetismo se tornou a força de tantos outros na luta pelos direitos sociais, questões raciais e de justiça e paz.
Embora confessando ser prisioneiro da própria violência e do próprio egoísmo, segundo a imagem do mundo em que nascera, Merton ousou romper consigo mesmo e com os “valores” do seu tempo para olhar, com aguçada lucidez, as contrariedades ao seu redor. Como monge em Gethsemani, não deixou escapar nenhum dos assuntos que sacudiram o mundo em três décadas: A 2ª Guerra Mundial, Guerra do Vietnã, e o surgimento de dois grandes blocos com a Guerra Fria entre EUA e União Soviética.
Se o homem é produto do meio ou não, a saída que Merton encontrou foi o ato de despojamento do “homem velho” ao longo de sua vida, de modo a atender o pedido do Apóstolo: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Romanos 12, 2).
Primeiros anos
Nascido no último dia de janeiro de 1915, em Padres – pequenina cidade na região do sul da França, o pequeno Tom é fruto do amor de Owen Merton e Ruth Jenkins. Foi com seus pais para os Estados Unidos com menos de um ano de idade, atendendo o preocupado pedido dos pais de Ruth, que era americana, para deixar um país em guerra.
Com a chegada em Nova York, após a longa travessia do Atlântico em navio, a família foi acolhida pelos avós de Merton: o espalhafatoso Pop e a discreta Bonnemaman. Vivem, inicialmente, todos juntos na casa de Pop, mas o conflito de gerações faz Owen decidir se instalar em Long Island, na época uma aldeia rural a leste da Ilha de Manhattan.
Com cerca de quatro anos de idade Merton ganha um irmão: John Paul. A educação prematura recebida pela mãe – aos cinco anos já sabia ler, escrever e desenhar – assinalou na alma daquele infante a marca da autonomia, pois era desejo de Ruth que seu filho fosse independente, e não um seguidor de rebanho.
Quando Ruth adoece e é levada ao hospital para internação, as crianças voltam a morar com os avós em Douglaston. A mãe de Merton, que havia determinado que este não a fosse visitar, escreve uma carta informando que morreria e nunca mais veria o filho. Aquela despedida invadiu o coração da criança com o peso da tristeza e da perplexidade.
Owen decide deixar seus filhos com os pais de Ruth para perseguir o reconhecimento da sua arte. Tom até que o acompanha no início, alguns meses nas Ilhas Bermudas, mas é deixado para trás com o retorno de seu pai à França. Após 3 anos, pai e filhos voltam a se encontrar. O pai de Merton retorna a Nova York trazendo na bagagem o sucesso triunfante de suas exposições, pois naquela época havia pintado os melhores quadros da sua vida. De repente aquele garoto de 10 anos é surpreendido por nova decisão do pai: “Nós vamos para a França”.
É retornando para a Europa e sofrendo dor e solidão pelas imposições da nova realidade – separação do irmão e avós, dificuldades em adaptar-se a uma escola, uma vida de nômade, bem como a morte do pai – é que vemos a necessidade latente de Merton se encontrar e encontrar seu “lar”.
Conversão pelo intelecto
Foi cursando o ensino médio na escola pública inglesa de Oakham que Merton começa a despontar intelectualmente. Interessou-se por Francês, Italiano e pela Literatura Moderna; era apaixonado pela Antiguidade e Idade Média. Quando visitou Roma e pode contemplar os afrescos nas Igrejas, algo de muito sagrado e puro começava a germinar naquele terreno pedregoso. Aqui se inicia um processo dramático de “volta para casa”. Embora tendo sido batizado quando criança na Igreja Anglicana, Thomas Merton não tinha uma tradição religiosa para chamar de sua.
Iniciou a graduação, com muitos conflitos interiores e dificuldades externas, em Cambridge (Reino Unido), em 1933. Solicitou sua transferência no ano seguinte para a Universidade de Columbia, em Nova York; e foi aí que conheceu o célebre professor de literatura que o influenciou em profundidade: Mark Van Doren. Merece destaque as amizades preciosas de Robert Lax e Edward Rice, e de outro professor: Daniel Walsh – que o incentiva a ler São Tomás de Aquino e Duns Scotus.
Na segunda parte d‘A montanha dos sete patamares, Merton relata com detalhes o que desencadeou seu processo de conversão. O capítulo se chama “Após pagar grande preço” e aqui entendemos que todo curso turbulento de sua vida desemboca nas águas tranquilas da Graça de Deus:
Certo dia, em fevereiro de 1937, aconteceu eu ter algumas notas no bolso, uns cinco ou dez dólares disponíveis. Achava-me na Quinta Avenida por uma razão qualquer, e me atraiu a vitrina da livraria Scribner’s, toda cheia de reluzentes livros novos. (…)
E eis que então vi na vitrina do Scribner’s um livro chamado O Espírito da Filosofia Medieval. Entrei, tirei um exemplar da prateleira, olhei bem o índice e depois o subtítulo que me decepcionou porque dizia que o livro era a publicação duma série de conferências que tinham sido feitas na Universidade de Aberdeen. Isso, principalmente para mim, não era recomendação; mas me abria a pista para travar certo conhecimento com a identidade e o caráter de Etienne Gilson, seu autor.
(…) e durante a viagem no trem de Long Island para casa, desembrulhei o pacote a fim de dar uma olhadela e gozar as minhas aquisições. Foi só então que vi na primeira página de O Espírito da Filosofia Medieval os seguintes caracteres que diziam: “Nihil Obstat. Imprimatur“. Feriu-me como uma estocada no estômago a sensação de desagrado e decepção que experimentei. Foi como se me sentisse roubado! Sendo assim, minha tentação era jogar o livro pela janela em cima dalguma casa do Woodside para me livrar duma coisa perigosa à toa. Eis a espécie de terror que se levanta numa mentalidade moderna não esclarecida por causa duma inocente frase latina e da assinatura dum sacerdote. É impossível comunicar a um católico o número e a complexidade de temerosas associações que pode trazer consigo uma pequena coisa como esta. Ela ali está em latim – um idioma difícil, antigo e obscuro. (…); pois urge compreender que, conquanto eu admirasse a cultura católica, sempre tivera medo da Igreja Católica. Trata-se, a bem-dizer, duma atitude comum no mundo de hoje. Afinal de contas eu não comprara um livro sobre a filosofia medieval sem me dar conta de que devia tratar da filosofia católica; mas o imprimatur me dizia que o que eu estava lendo se achava de conformidade plena com uma coisa temível e misteriosa, o dogma católico; e o fato feriu-me como uma estocada, contra a qual tudo em mim reagiu com repugnância e prevenção.
Agora, já iluminado em tudo isso, considero que foi seguramente uma genuína graça o fato de, em vez de jogar fora o livro, havê-lo lido deveras.
(…)
O resultado foi que adquiri logo um imenso respeito pela filosofia católica e pela fé católica. E esta última coisa foi a mais importante de todas. Pelo menos eu reconhecia já então que a fé era algo que tinha um sentido definitivo e era uma necessidade eficacíssima.
(…)
Quando abaixei o livro e cessei de pensar explicitamente em seus argumentos, seus efeitos principiaram a se mostrar em minha vida. Comecei a ter vontade de ir à igreja, um desejo mais sincero, mais maduro e mais insistente do que os que tive outrora; ou por outra: antes jamais sentira necessidade assim tão grande. E o único lugar que me veio à lembrança foi a igreja episcopal lá na estrada, a velha igreja de Sião entre as alfarrobeiras, onde papai outrora havia tocado órgão. Acho que o motivo foi Deus haver querido que eu tornasse a subir pelo barranco donde me despencara. Se eu chegara a desprezar a Igreja da Inglaterra, a “Igreja Protestante Episcopal”, Ele quis acabar com o que havia de orgulho e petulância mesmo nessa minha antiga atitude. Não deixaria que eu me tornasse católico tendo atrás de mim o desdém por uma outra igreja, o que não constituía uma rejeição correta, mas sim pecaminosa por suas raízes no orgulho e suas manifestações através da contumélia.
Desta vez voltei à Igreja de Sião, não para julgá-la nem para condenar seu pobre ministro, mas para ver se conseguia alguma coisa que satisfizesse a obscura necessidade de fé que se estava declarando em minha alma.
Conversão pelo intelecto! A leitura do livro do filósofo e historiador Étienne Gilson (1884-1978) incitou o jovem a buscar aquilo que antes considerava desprezível. E foi com esta nova perspectiva que encontrou uma fecunda amizade: o hindu Brahmachari, que vivia nos Estados Unidos; este lhe recomendou a leitura da Imitação de Cristo e das Confissões de Santo Agostinho. Podemos notar que tais sementes caíram agora em terra boa e produziu bons frutos?
Merton ficou profundamente marcado por essas obras e, em seguida, começou a ser instruído para ser batizado no catolicismo, o que veio a ocorrer em 1938. Pouco tempo depois começou a sentir um apelo insistente ao sacerdócio ou a alguma forma de vida consagrada. Ele pensou nos franciscanos e também na vida com os pobres, mas acabou ingressando no mosteiro trapista de Gethsemani, Kentucky, em 1941.
O coração de suas obras
Thomas Merton, na vastidão de seus livros, nada mais fez que dividir os frutos da sua contemplação tendo como lastro uma rica tradição cisterciense. Nos temas abordados, uma verdade se sobressai: “eu só preciso ser quem sou”[1]. Seu desejo de perseguir sua identidade oculta em Deus, a vontade de pertencer totalmente a Cristo e sua luta contra o egoísmo ecoa forte numa multidão de ontem e de hoje. Seus admiradores têm a impressão que somente ele consegue dizer de forma clara aquilo que nosso mais profundo íntimo sofre para balbuciar; pois, e isto é fato, Merton deve pertencer ao restrito time de seres que possuem um pacto secreto com a Eternidade, pois buscou incansavelmente pertencer inteiramente a Deus, o que acabou lhe dando uma abertura para o próximo e para mundo.
Buscador, Merton mergulhou nas raízes do monaquismo ocidental/oriental para trazer de lá os principais temas para desenvolver suas obras: Contemplação, Compaixão e Diálogo; ou, em outras palavras: Ver, Julgar e Agir.
CONTEMPLAÇÃO (Ver)
“Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”
Nenhuma outra matéria recebeu mais atenção do que a “mais alta expressão de vida intelectual e espiritual do homem”. A contemplação em Thomas Merton ganhou vida quando este conseguiu sair de esquemas rígidos para se abrir ao outro, adotando um novo olhar para as pessoas. O luminoso episódio da “Epifania”, ocorrido numa esquina de Louisville em 1958, é decisivo para Merton em seu processo de enraizamento.
Merton entende ser a Contemplação um dom de Deus e que poucos estão preparados para encarar a estranha liberdade interior que esta requer. Em um dos seus primeiros escritos sobre o tema, ele é fulminante ao dizer que:
se alguém quiser “ser um contemplativo” e acima de tudo vigiar-se para ver se “é um contemplativo”, está condenado à frustração desde o começo. Quem quer ver-se como contemplativo nunca chegará a ser um. Deve renunciar a essa vã esperança, esquecer-se de si e, mesmo, desistir de ver-se a si mesmo provando as alegrias da contemplação.”[2]
É amadurecendo conceitos, a partir do chão da própria vida, que publica seu livro mais célebre sobre o assunto: Novas Sementes de Contemplação. E o que há de novo? Ao lançar o olhar para dentro de si, Merton enxergava a dicotomia entre o “Falso eu” e “Verdadeiro eu”[3]; pois entendia que só podíamos ser quem somos, e daí fruir na contemplação, quando formos capazes de abandonar nosso apego às ilusões do ego para abraçar nossa verdadeira identidade aos olhos de Deus, que nos fará, por conseguinte, desejar comunhão com os outros.
Um dos principais estudiosos de Thomas Merton, o padre William Shannon, aponta na Introdução do livro A experiência interior (Martins Fontes, 2007, pág. xx) a percepção sentida nos livros com a colheita dos frutos maduros desta contemplação:
Há claras indicações de seu “retorno ao mundo”, com um sentimento de compaixão pelas pessoas que marca certo rompimento com a exagerada “posição de negação do mundo” de algumas das suas primeiras obras.
Como podemos notar no universo de suas obras, o itinerário contemplativo de Merton navega pelo silêncio, solidão, oração e esvaziamento de si próprio, para daí desaguar no encontro com Deus e com o outro. Mais que um exercício de oração, a contemplação implica em uma verdadeira busca de Deus e um apresentar-se para ser por Ele achado.
A contemplação é, segundo a definição poética de Merton, “(…) um assombro espiritual. Uma reverência espontânea ao caráter sagrado da vida, do ser. É gratidão pela vida, pela consciência e por ser. É uma percepção vívida do fato de que a vida e o ser em nós procedem de uma fonte invisível, transcendente e infinitamente abundante. A contemplação é, acima de tudo, a consciência da realidade dessa Fonte.”[4]
É neste manancial que lavamos nossas feridas interiores para que haja o devido acolhimento, progressivo e transformativo, de Deus em nossa vida, por meio do amor e do conhecimento de uma Pessoa identificada com toda pessoa: “Agora não sou mais eu que vivo, é o Cristo quem vive em mim.”
COMPAIXÃO (Julgar)
“Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.”
A contemplação nos deve levar, além da União íntima com Deus, para a ação, com paixão, numa entrega total a um indivíduo ou a um grupo social, não como solidariedade hipócrita ao toque de trombeta, mas como uma atitude concreta que venha estancar nosso desassossego em relação ao sofrimento do outro. Segundo Merton, um dos paradoxos da vida mística seria este:
“ninguém pode entrar nos mais íntimo de seu ser e passar dali a Deus se não for capaz de sair inteiramente de si mesmo, esvaziar-se de si mesmo e dar-se a outras pessoas na pureza de um amor altruísta.
Em uma vida de contemplação, uma das piores ilusões seria, portanto, tentar encontrar Deus fechando-se em si mesmo e deixando fora dessas barricadas toda realidade exterior pela simples concentração e força de vontade, cortando todo contato com o mundo e os outros ao se enfurnar dentro da própria mente e fechar as portas com uma tartaruga.”[5]
Em outras palavras, a contemplação não teria sentido para alguém que não tenha a intenção de cultivar a compaixão pelos demais. Isso foi sentido na própria pele por Thomas Merton, e também por seus leitores. Questões pontuais de caráter social surgem em seus escritos mais tardios na tentativa tirar as pessoas do torpor frente a guerra e violência, instigando autoridades a buscar a solução pacífica dos diferentes conflitos.
Ao ser atraído pelas religiões orientais, Merton buscou encontrar as raízes destas tradições para além do mero verbalismo. Queria encarnar a própria karuna (compaixão) dos bodhisattvas[6], pois entendia ser bem possível adaptar a atmosfera do Zen e empregá-la no clareamento das nossas práticas ascéticas irrelevantes, bem como nos ajudar a retomar um sadio equilíbrio da nossa vida espiritual.
DIÁLOGO (Agir)
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”
Uma alternativa para remediar as dificuldades no entendimento intercultural passa, necessariamente, pela abertura de diálogo entre tradições religiosas sensíveis à fragmentação atual do homem e da sociedade em que vive, reforçando a convicção de que a consciência contemplativa, em um universo de similitudes, é fundamental para a realização humana como um todo. Reconhecer afinidades em outras confissões é aprofundar-se na própria percepção espiritual.
Merton, sendo portador de uma visão transcendente, abordou esse assunto em sua viagem para o Oriente e, na oportunidade, afirmou que “o nível mais profundo de comunicação não é comunicação, é comunhão. É sem palavras. Está além das palavras, além do discurso, além do conceito. Não que descubramos uma nova unidade. Descobrimos uma unidade antiga.”[7] Que unidade seria esta senão o Amor!
Havia a necessidade de redescobrir essa nova linguagem, esse algo que transcende os dogmas e as divergências reais; aquilo que é profundo e real. Sabendo disso, Merton encerrou o Primeiro Encontro de Cúpula realizado em Calcutá com a seguinte oração:
“Ó Deus, nós somos um contigo. Tu nos fizeste um contigo. Tu nos ensinaste que quando estamos abertos uns aos outros tu moras em nós. Ajuda-nos a preservar essa abertura e a lutar por ela com todas as nossas forças. Ajuda-nos a compreender que não pode haver entendimento quando há mútua rejeição. Ó Deus, aceitando-nos uns aos outros de todo o coração, inteiramente, completamente, nós te aceitamos e te agradecemos e te adoramos e te amamos com todo o nosso ser, porque nosso ser está no teu ser e nosso espírito está enraizado em teu Espírito. Enche-nos, pois, de amor, que o amor nos conserve unidos quando tivermos seguido nossos diferentes caminhos, unidos nesse espírito único que te faz presente no mundo e que te faz testemunho dessa realidade fundamental que é o amor. O amor venceu. O amor é vitorioso. Amém.”
O mesmo Merton que desenvolveu tão profundamente em suas obras os elementos da Contemplação, Compaixão e Diálogo, entre tantos outros temas importantes que poderíamos destacar, é o mesmo Merton que vem sendo descoberto por uma nova geração de leitores no Brasil. Alguém interessado em dar passos sinceros na vida espiritual haverá de ter mais êxito se uma ou outra obra do autor lhe cair no colo. Por oportuno, é necessário fazer um positivo aceno à Editora Vozes por apostar nas reedições das obras de Thomas Merton.
O fim destas linhas quer olhar para o fim da viagem de Merton, em 1968, para países da Ásia. Uma morte banal lhe tirou a vida… um choque para todos: a descarga elétrica de um ventilador com defeito levou ao sono eterno um dos poucos homens que, em sua lucidez, não dormiu no séc. XX. Desperto, conseguiu também acordar uma multidão de leitores do torpor que impede a compreensão da mais profunda dimensão do ser humano: participar da própria vida de Deus, tanto agora como na eternidade, numa relação de intimidade que não cabem palavras.
[1] Homem algum é uma ilha. Campinas: Verus, 2003. p. 110
[2] ______. Espiritualidade, Contemplação e Paz. Belo Horizonte: Itatiaia, 1962. p. 51
[3] Em outubro de 2014, por ocasião das comemorações pelo Centenário de nascimento de Thomas Merton, Dom Bernardo Bonowitz decidiu “mastigar” as Novas Sementes de Contemplação de Thomas Merton para presentear a Associação Thomas Merton com um dos melhores retiros já pregados até hoje. Dentre os principais ensinamentos transmitidos na ocasião, e que estão bem vivos na memória, está o papel da Contemplação na jornada do “falso eu” para o “verdadeiro eu”. Os textos de todas as conferências podem ser encontrados na obra Mertonianum 100. São Paulo: Riemma, 2015. p. 35-63.
[4] Novas Sementes de Contemplação. Petrópolis: Vozes, 2017. p. 17
[5] Novas Sementes de Contemplação. Petrópolis: Vozes, 2005. p. 70
[6] Aquele que alcançou a iluminação e está a caminho de tornar-se um Buda, mas adia tal meta para ser fiel ao voto de auxiliar todo ser vivo a conseguir a salvação.
[7] O Diário da Ásia. Belo Horizonte: Vega, 1978. p. 242
Cristóvão Meneses é presidente da Associação Thomas Merton. www.merton.org.br
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