O que você e sua escola aprenderam nesta quarentena?

Fiquei matutando (alguém mais ainda usa essa palavra?) dias desses:

O que será que temos aprendido, como escolas e educadores, durante essa quarentena? Corri para meus contatos e lancei a pergunta (obrigada, pessoal que respondeu!). Ao ler os depoimentos, histórias, reflexões três pontos foram recorrentes. E quero saber com qual desses três você mais se identifica.

Nunca foi só conteúdo

Todos foram unânimes em dizer que a escola e seus professores precisaram se reinventar, adaptar rotinas, formas de olhar, planejar novamente mesmo que o planejamento de um ano inteiro tivesse sido feito poucos meses antes. E, claro, ficou o aprendizado de que realmente a escola nunca foi só conteúdo engessado.

A gente já mudava o plano de aula conforme a turma, o clima, as notícias. Agora, precisou mudar o modelo arcaico, rever papéis velhos – papéis impressos e papéis que desempenhávamos.

E aprendemos, querendo ou não, mais flexíveis ou resistentes, de forma dolorida ou mais tranquila, que a escola é para a vida. Foram exatamente palavras como comunicação, colaboração, adaptabilidade, ouvir o outro, resolver problemas, atuar como time, equipe e amigos, que mais apareceram nas respostas desses educadores.

Aprendemos o que já fazíamos, mas talvez fizéssemos de portas fechadas ou esporadicamente em reuniões de professores. Tivemos que nos unir mais. E gritar por socorro com mais frequência. Porque, nunca, nunca foi só conteúdo.

Mas agora isso ficou mais evidente, especialmente quando a escola fechou e o silêncio triste imperou. A escola é espaço de socialização. O tal do Vygotisky já nos ensinou isso há tanto tempo. Paulo Freire também. E a gente já sabia. Mas, será que a sociedade se dava conta de que a escola era isso tudo?

Espero que agora já tenha sido tempo suficiente para entendermos isso e ajudarmos nossos meninos e meninas a aproveitarem o que a escola tem de melhor, como disse o colega Renan, diretor do C.E. Padre Anchieta.

Realmente, nunca foi só conteúdo.

Renda-se às tecnologias digitais

Não tem mais jeito. Convite feito desde 2014, lá no livro 50 Atitudes do professor de sucesso: renda-se às novas tecnologias. Agora, não são mais novas. São tecnologias digitais familiares até. Ninguém mais vai poder dizer que tecnologia digital não anda de mãos dadas com a educação.

Todos foram uníssonos ao dizer que o uso da tecnologia agora será uma constante em suas práticas. Seja como forma de complementar suas aulas, fazer reuniões mais objetivas, dialogar mais com a família ou se aprofundar na necessidade de um ensino que seja cada vez mais híbrido. Sim, nem remoto, sem nenhum contato, porque vimos que não funciona (mas é o que temos diante do cenário atual), nem apenas só presencial no modelo tradicional e ultrapassado que alguns de nós talvez ainda víssemos como única possibilidade.

As tecnologias digitais mostraram a possibilidade de quebra de barreira geográfica e escararam de um lado a necessidade premente de o professor buscar continuamente a formação continuada – e escolas investirem nesse ponto incessantemente. De outro, o abismo digital entre os que tem e os que não têm acesso à internet e dispositivos para assistirem aulas online de qualquer tipo.

Aí, já é um aprendizado que a sociedade inteira precisa tirar lições profundas, se realmente quiser ter aprendido alguma coisa com esse período. Não está bem enquanto não está bem para todos. E um dos caminhos é, sim, a inclusão digital.

Saúde mental em primeiro lugar

Foi – e ainda está sendo – um período extenuante para alunos, famílias, professores e equipes pedagógicas. Vimos que faltar a uma aula talvez não seja tão grave assim. E que não cobrir o conteúdo – como falado no primeiro ponto desse artigo – é o de menos nesse momento. Conteúdo se recupera.

 Vimos que alunos e professores sadios mentalmente serão mais felizes e conseguirão juntos passar por essa fase cujo manual ainda está sendo escrito e reescrito.

Salas (online) de orientações pedagógicas ou educacionais e consultórios de psicólogos também lotaram. Tivemos que aprender que realmente nada vale a pena se a felicidade não for prioridade. E escola, talvez algumas tenham se esquecido disso com o tempo e a cobrança de filhos robôs que são programados para tirar nota mil no Enem, escola deve ser lugar de gente feliz.

E de gente criativa, que pergunta, escreve, tem curiosidade para além do conteúdo do dia, e preocupações para além de provas maçantes. Trabalhar a criatividade para lidar com o que não tem no Google como resposta pronta, para os desafios, o novo, tornou-se tarefa obrigatória da escola. Desenvolver a criatividade já está lá no BNCC – em forma de pensamento científico, crítico e criativo, repertório cultural, comunicação, cultura digital, trabalho e projeto de vida, argumentação…

De repente a gente se deu conta de que mais que desenvolver QI, precisamos desenvolver a QE, inteligência emocional, a QP, inteligência positiva. As múltiplas inteligências. As competências socioemocionais reluziram em luz neon. E não dá mais para ignorá-las no nosso dia a dia. Porque desenvolver indivíduos emocionalmente inteligentes e criativos é um dos melhores presentes que nós, professores e escolas, teremos como legado. E você e sua escola, o que aprenderam nessa quarentena? Vou adorar continuar esse papo lá no meu Instagram. Vem, me segue e vamos continuar a aprender juntos.


Solimar Silva – é doutora em Linguística Aplicada e professora há quase 25 anos. Autora de diversos livres, entre eles: 50 Atitudes do Professor de Sucesso, Avaliações mais criativas e Oficina de escrita criativa – escrevendo na sala de aula e publicando na web.

Agradeço aos seguintes professores e diretores que gentilmente cederam seu tempo respondendo à pergunta para que eu escrevesse este artigo: Maria Teresinha (Centro Educacional Renascer), Laura Matos (Colégio Laura Matos), Anália, Arlena e Regina Célia (Colégio Santa Clara), Renan (Colégio Estadual Padre Anchieta), Rose (Centro de Educação Malvina Queiroz).

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