Nilo Agostini: “O leitor encontrará neste livro um grito de alerta para empenharmos os melhores esforços em favor de uma educação crítica e emancipadora”
Inspirado pela fala do professor Michael Löwy no Congresso Internacional de Teoria Crítica, realizado em 2016, o professor Nilo Agostini desenvolveu a ideia de seu último livro Os desafios da educação a partir de Paulo Freire e Walter Benjamin“, publicado este ano pela Editora Vozes.
No evento, sediado na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, Michael Löwy, que é diretor emérito de pesquisas do CéSor (Centre d’études en sciences sociales du religieux), da EHESS – CNRS (École des hautes études en sciences sociales – Centre national de la recherche scientifique), em Paris, expôs uma fala sobre Walter Benjamin.
“Segui com muita atenção a exposição do Prof. Löwy. Ao final, fiz, em público, uma pergunta a ele sobre a convergência deste pensamento com o de Paulo Freire, ao que ele respondeu não saber responder, mas disse ser um bom tema para um pós-doutorado. Desfeita a mesa, fui falar com ele no sentido dele me acompanhar neste pós-doc, sendo positiva a sua resposta. Portanto, o presente livro é resultado de meu pós-doutorado em Educação feito pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com estágio na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris (EHESS), sob a supervisão do Prof. Michael Löwy”, conta o autor.
Segundo Agostini, a obra busca traçar as convergências e as transversalidades do pensamento e respectiva práxis de Paulo Freire e de Walter Benjamin. O texto é considerado por ele um “grito de alerta” sobre a condição humana, especialmente ante o processo de desumanização hoje em curso, especialmente dos pobres, as vítimas da sociedade, tendo presente o processo de formação ou semiformação. “Por meio de uma investigação teórico-conceitual, o livro busca entrever caminhos que apontem para uma transformação ‘criadora de vida’. Elementos constitutivos da Teoria Crítica da Sociedade impulsionam esta obra, em especial o comportamento crítico e a orientação para a emancipação”, analisa.
Elaborado para ser um livro abrangente, o texto é capaz de levar informação e alimentar a visão de um universo amplo de leitores, como explica Agostini: “Sempre que estes buscarem respostas a altura dos desafios de nosso tempo, no sentido da humanização e da emancipação, aguçando a criticidade na problematização de nosso mundo e alimentando a esperança de livrar a humanidade da catástrofe e fomentar uma humanidade “criadora de vida” (Paulo Freire)”.
Quando perguntado sobre o quê o leitor pode esperar do livro, Nilo Agostini indica que a leitura é um mergulho na vasta obra de Benjamin e Freire. “Em meio a uma indústria cultural que dissemina a semiformação, preferindo um espírito alienado e adestrado, o leitor encontrará neste livro um grito de alerta para empenharmos os melhores esforços em favor de uma educação crítica e emancipadora, no sentido da autonomia do ser humano. Cabe romper a continuidade da opressão e investir na educação como ruptura emancipadora”, salienta.
Sobre o autor
Nilo Agostini atua como professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação da USF (Universidade São Francisco), com sede em Bragança Paulista. É doutor em Teologia pela Universidade de Ciências Humanas de Strasbourg (França) e pós-doutor em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com estágio na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais da Sorbonne de Paris. É autor de 17 livros e de dezenas de artigos na área da Ética, da Moral e da Educação, bem como organizador de várias obras. Leciona também na graduação, com destaque para os cursos de Medicina e de Pedagogia.
Sobre as diferenças entre suas publicações e o último lançamento, Nilo Agostini explica que:
“Esta publicação foi escrita mais no âmbito da educação, enquanto as demais foram desenvolvidas no ambiente mais teológico, com destaque para a ética e a moral. Porém, em praticamente todas, há um espírito crítico que alimenta as análises e a busca de horizontes práticos. A obra atual é, em parte, devedora à tese de doutorado, publicada em 1990, sob o título “Nova evangelização e opção comunitária: Conscientização e movimentos populares” (Editora Vozes), para a qual eu já havia estudado a obra de Paulo Freire”.
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