Cinco atitudes do professor de sucesso, segundo a autora Solimar Silva

No mês de volta às aulas, listamos cinco das 50 atitudes do professor de sucesso, segundo a autora Solimar Silva:

Respeite as individualidades

É tão bom ter alunos inteligentes, dedicados e que só tiram boas notas em todas as matérias, especialmente a nossa. Isso nos faz sentir ótimos professores, mesmo que o aluno tenha aprendido apesar da nossa interferência.

Fico imaginando o que meus professores de Matemática do Ensino Fundamental pensavam sobre mim. A partir da quinta série (atual sexto ano) eu era uma aluna mediana nessa disciplina. Eu me esforçava por compreender e, às vezes, até entendia alguma coisa, mas, no geral, Matemática só fazia sentido para mim quando eu via aplicação prática, como para cálculos percentuais ou mesmo uma regra de três. As equações eram puro martírio. Eu não tinha ninguém para me explicar fora da escola, então ficava perdida.

Para piorar, quando estava na sétima e oitava séries (correspondentes ao oitavo e nono anos) eu comecei a odiar a escola. Eu não faltava e tentava me dedicar, mas sem compreender muito bem para que estudava tudo aquilo.

Na verdade, há coisas que, até hoje, não entendo por que estão lá, no currículo. E não falo apenas das matérias em que eu era uma aluna medíocre. Refiro-me mesmo à Língua Portuguesa, uma das disciplinas que leciono. Vejo coisas desnecessárias no currículo do Ensino Fundamental. O aluno tem que fazer análise morfossintática no sétimo ano. Você lembra disso? Sabe, aquelas frases descontextualizadas, como: A menina encontrou o caderno. Você tem que dizer que o a é um artigo definido e adjunto nominal; menina é substantivo e núcleo do sujeito; encontrou é verbo transitivo direto; o é outro artigo e adjunto adnominal e caderno é substantivo e objeto direto. Útil, não é mesmo?

Sim, ainda se ensina assim em muitas das escolas, ao invés de privilegiarmos a leitura crítica e a prática da autoria através de produções textuais que sejam reescritas várias vezes, para que o aluno melhore sua argumentação e exposição de ideias.

Tenho uma amiga que se ressente de ter sido aluna nota dez em todas as matérias em sua época de escola. Ela diz que era quieta, organizada, caprichosa e tirava dez em tudo. Os professores deveriam ter um certo orgulho de serem seus professores. Devia dar gosto corrigir a prova dela, provavelmente utilizada como gabarito para corrigir as outras. Só tem um problema: a aluna nota dez na escola não conseguiu alcançar grandes patamares em sua vida. Nem acadêmica, tampouco pessoal. Faltava a ela o que não se ensina na escola, mas que deve ser incentivado na sala de aula: aprender a interagir com as pessoas, a trabalhar em equipe, a se comunicar, a desenvolver sua inteligência emocional.

Faltou que ela reconhecesse suas inteligências múltiplas e pudesse trabalhar bem mais para fortalecê-las e tentar desenvolver outras necessárias para o convívio em grupo.

E nas nossas escolas muitas vezes rotulamos o aluno de “burro”, só porque ele não sabe nada da nossa matéria, e inteligente aquele que conseguiu memorizar alguns pontos. Não estou querendo dizer que, a partir de agora vamos inverter tudo e valorizar aquele que errar todas as questões das provas. Só que devemos respeitar, incentivar e valorizar as diferenças individuais.

Certa vez eu estava na sala dos professores quando entrou uma dessas professoras que consegue captar o melhor de cada aluno e transformar sua prática para focar essas individualidades. Ela estava maravilhada porque descobrira que determinado aluno, pobre e da rede pública de ensino, tocava saxofone maravilhosamente bem. Ele não gostava muito da matéria da professora, Língua Inglesa, mas ia tocar o sax para um grupo que faria uma apresentação musical. Ele ia participar dos ensaios, ia acompanhar o grupo que ia cantar, mas ele mesmo ia tocar a música e só. Ele até sabia o que significava a letra da música, mas não tinha interesse em aprender a falar. Segundo a professora, ele se interessava por Francês, não Inglês. E ela achou justo ele fazer as atividades de leitura, mas não ser obrigado a cantar a canção.

Vemos claramente que não é o caso de se aproveitar para dizer: eles não conseguem aprender, coitados. Isso é ledo engano. Tenho visto muitos bons professores fazerem trabalhos incríveis desenvolvendo as quatro competências linguísticas em língua estrangeira com os alunos, ainda que esses não tenham nenhum outro contato com a língua fora da sala de aula, nos curtíssimos dois tempos de aula que o professor tem com cada turma.

Respeitar a individualidade dos alunos também tem a ver como a forma de explicar o conteúdo. Explicamos de uma só maneira e queremos que todos aprendam igualmente. É necessário levarmos várias formas de o aluno aprender. Que haja a aula expositiva, mas que possamos incluir música, dramatização, jogos, objetos, demonstrações e inúmeras maneiras para que possamos alcançar aos diferentes modos de aprender.

Aprendi com minha mãe que respeitar a individualidade não é tratar a todos por igual, mas justamente tratar a cada um de acordo com sua singularidade. Ela, mãe de cinco filhos, sempre dizia que não podia educar todos os filhos da mesma maneira, pois cada um requeria a educação de um jeito diferente, de acordo com seu jeito de perceber, sentir e agir. Imagine nós, com quase quarenta alunos em sala de aula, com experiências, culturas, educação familiar, modos de agir, pensar e sentir tão distintos! Precisamos aprender a reconhecer e respeitar essas individualidades para darmos conta de ensinarmos a todos.

Dialogue

Quando estudei os Fundamentos da Didática pela primeira vez, ainda na minha época da graduação, achava engraçado demais haver dois tipos de aula expositiva: a aula expositiva mesmo e a aula expositiva dialogada. Não conseguia imaginar o ofício de professor sem o diálogo. Entendia que, em certas conferências, o apresentador não tivesse tempo de dialogar com a platéia, assim, ele falaria lá sozinho o tempo inteiro. Mas, isso para mim não era exatamente uma aula, era um conferência, palestra ou outro nome. Aula mesmo, para mim, pressupõe o diálogo, não um monólogo.

Contudo, uma observação mais atenta de algumas aulas me levou à constatação de que existem as aulas expositivas dialogadas e as “falsas” dialogadas. Estas apresentam perguntas que o próprio professor responde ou que são feitas apenas para dar a aparência de que se está permitindo ao aluno opinar. Uma vez, observei uma aula em que a professora não dava tempo de os alunos responderem. Ela fazia as perguntas e ela mesma respondia. Ou, ainda pior, quando algum aluno fazia alguma contribuição (veja o tópico 15), ela não valorizava a fala do aluno. Às vezes, simplesmente ignorava, continuando a aula como se não houvesse ali uma tentativa de diálogo por parte do aluno, pelo menos.

É preciso que dialoguemos mais. Em todas as esferas de nossas vidas percebemos o poder do diálogo para esclarecermos dúvidas, construirmos o sentido e nos aproximarmos mais uns dos outros.

Há uma pequena história que ilustra bem como nossos corações estão mais próximos quando dialogamos (veja lá no tópico 35). Ela relata que as pessoas gritam porque seus corações estão afastados, estão longe um do outro. De igual maneira, nossos alunos vão mostrar que estão longe de nós se não nos propusermos a ouvi-los, a dialogar, a incluí-los em nossas aulas.

A aula expositiva dialogada, na minha opinião, é aquela em que o professor busca ouvir os alunos, sondar em que patamar se encontram. Daí, tenta construir alicerces para que todos possam estar mais ou menos no mesmo nível e, assim, possam compreender a aula. Durante sua exposição, faz perguntas para perceber se os alunos estão acompanhando a exposição. Pode pedir que os alunos ilustrem, contem experiências, perguntem, resumam, enfim, que dialoguem com o mestre e com os outros colegas da classe para caminharem juntos. Não adianta o professor estar lá na frente no caminho do conhecimento e seus alunos sequer saberem como fazem para acompanhá-lo. É preciso parar, esperar, andar um pouco mais devagar, mas certificar- se de que todos estão conseguindo caminhar.

Em uma turma, quando fui revisar como dizer as horas em inglês, tive que rever ainda outro conteúdo do ano anterior: números. Não adiantava eu ensinar como dizer as horas se a turma não sabia sequer como escrever os números para informar as horas cheias. Eu poderia ter seguido adiante, só apresentando o conteúdo, já que se tratava de uma revisão, e nem ter sondado os conhecimentos prévios da turma. Teria conseguido encher o quadro, com alunos quietos copiando, sem entenderem do que eu estava falando. Ao contrário, comecei perguntando, sondando a base que traziam do ano anterior. Eles mesmos disseram: “Professora, nós era tudo bagunceiro no ano passado, aí ficamo tudo sem entender nada da matéria de Inglês”.

Dialogue mais com seus alunos não apenas em aulas expositivas dialogadas. Transforme sua sala de aula em um espaço onde o diálogo, mesmo entre eles, seja algo constante. Muitas vezes precisaremos ensinar o que é dialogar, conversar, visto que muitos alunos só se comunicam gritando ou brigando uns com os outros. Precisamos ser bons exemplos (veja o tópico 9) de incentivo ao diálogo, ao ouvir opiniões diferentes, respeitar as diferenças e mostrar nosso ponto de vista de maneira respeitosa.

Isso me fez lembrar uma turma de oitavo ou nono ano em que estávamos trabalhando as diferentes formas de preconceito. Cada grupo ficou responsável por pesquisar, organizar cartazes e apresentar um tipo de preconceito: racial, étnico, religioso, sexual. Um grupo veio conversar comigo. Seus integrantes achavam que eu tinha que incluir o preconceito contra os bandidos (isso mesmo, pasmem!). Eles diziam que queriam apresentar o trabalho e mostrar que os bandidos sofriam preconceito na sociedade.

Não vou negar que a vontade mesmo foi fazer um discurso falando do absurdo da ideia deles. Mas, respirei fundo, lembrei do apreço que muitas comunidades têm em relação aos bandidos da área, visto que vêem essas pessoas como uma espécie de Robin Wood ou santos protetores e até mesmo ídolos, como muitos adolescentes vêem o chefe do tráfico da região.

Então, pedi que pesquisassem o que significava preconceito, os seus diversos tipos e argumentassem de que maneira o “preconceito contra os bandidos” se encaixaria em um tipo deles. Enfim, eles fizeram bem seu dever de casa e, no dia da apresentação, explicaram por que o preconceito para com os bandidos não era bem um preconceito. Para não ficarem sem a provocação que queriam, partiram para o argumento de que havia preconceito contra os usuários de drogas como a maconha. Isso gerou polêmica, divisão, argumentos de todos os lados na turma. E muito, muito diálogo.

Deixe-os criar

Há pais tão super protetores que, mesmo sem querer, acabam impedindo que seus filhos façam as coisas sozinhos. Fazem tudo para eles quando eles já estão em idade de fazer certas atividades por si mesmos.

É como aquela história de tentar ajudar a borboleta sair do casulo para minimizar seu esforço, quando é exatamente o esforço empreendido por ela para sair do casulo que a fortalece para poder voar lindamente.

Como professores, às vezes não acreditamos na capacidade de nossos alunos criarem resultados maravilhosos a partir de algumas orientações básicas acerca do que estamos solicitando. Costumo dizer que dou o tema ou o assunto do trabalho, explico qual é o prazo e que resultados espero e, depois, deixo os alunos operarem suas mágicas.

E quando os alunos percebem que são os responsáveis por serem criativos para apresentar um bom resultado, no geral, eles nos surpreendem por completo.

Há alguns meses, minhas turmas se despediram de duas ótimas estagiárias que nos acompanharam no início do semestre. Decidi pedir à turma que seria a última a se despedir que realizasse uma festinha surpresa. Eu tinha em mente apenas um bolo e refrigerantes. Talvez uns salgados. Quando chegamos à sala, surpresa: cartazes, balões, recadinhos, sala organizada, luzes apagadas e decoração completa. Um espetáculo inesquecível.

Em uma das minhas primeiras turmas do Ensino Médio, a cada bimestre eu passava um trabalho diferente para a disciplina de Língua Portuguesa. Por exemplo, em um bimestre, eles precisavam criar uma paródia explicando o conteúdo; em outro, um telejornal criativo; em outro um seminário estilo corporativo; e assim por diante. Pena que naquela época, 1998 e 1999, não havia a facilidade que temos hoje para filmar e fotografar tanto. Os resultados eram incrivelmente surpreendentes.

Os alunos apresentavam telejornais ao vivo e com parte das reportagens gravadas, alugavam roupas especiais – como um grupo que fez o programa dos Teletubies (você se lembra ou sabe o que é isso?), programa infantil badalado da época. Eles se maquiavam, copiavam personagens de programas humorísticos, adequavam o texto para explicar a matéria e faziam os colegas aprenderem de forma descontraída, diferente, criativa. Eu nunca poderia ter tanta ideia sozinha!

Passe as orientações iniciais e o nível de expectativa com os trabalhos. Deixe-os livres para criar. Apenas oriente se for chamado. E surpreenda-se com os resultados mágicos que irão aparecer.

Ame-se

Gosto muito do versículo bíblico em que perguntam a Cristo qual é o maior mandamento e ele responde que o primeiro é amar o próximo como a nós mesmos. Muita gente esquece do final e fica só com a primeira parte: amar o próximo. Todavia, o mandamento é bastante claro. Só podemos amar o outro quando nós temos amor por nós mesmos.

Já contei no tópico 19 da professora que alegou que não era paga para amar os alunos. Provavelmente ela não amava sequer a si própria, pois para amar ao próximo, tenho que amar como amo a mim mesmo. É necessário haver esse amor verdadeiro dentro de nós mesmos para podermos ofertar ao próximo.

Por mais simples e fácil que possa parecer, amar a si mesmo pode ser desafiador, pois muitos tornam-se seus maiores inimigos, fazendo autossabotagem, sendo seus mais cruéis críticos, procrastinando sonhos e planos.

Talvez seja necessário escrever uma lista enfatizando as razões pelas quais você se ama. Outra sugestão é manter uma caixa com recadinhos dos alunos ou elogios que recebemos das pessoas. Há dias em que temos a tendência de esquecer as coisas boas e, talvez, essa caixa nos ajude a manter a perspectiva positiva sobre nós mesmos.

Quando escrevi meu primeiro livro, Felicidade de presente, listei os três “ingredientes” necessários para uma vida feliz: gratidão, atitude pessoal e a vivência dos valores divinos ou morais.

Em certo trecho do livro, apresento a história de uma amiga que não conseguia dizer a simples frase: eu me amo incondicionalmente. Ela estava com sua autoestima abaixo de zero e realmente não conseguia pronunciar aquelas palavras. Para repeti-las com convicção genuína, ela teria que sentir amor em si mesma, perceber-se como capaz de emanar o mais puro amor próprio sem impor condições para isso. Incondicionalmente. Não apenas se o fulano corresponder o amor que sinto por ele, ou alguém me notar e reconhecer meus esforços, ou eu passar naquele concurso ou qualquer outra coisa. Temos que nos amar incondicionalmente. Como geralmente os pais amam os filhos, sem esperar receber nada em troca. Amam simplesmente.

É preciso exercer esse amor-próprio, principalmente porque conhecemos todos os nossos defeitos e alguns deles são praticamente insuportáveis. Mas, não há como fugir de nós mesmos. Precisamos nos amar apesar de nossos erros e imperfeições. Sim, corrigir os erros, evitar errar muito, mas, ainda assim, imperfeitos.

Por isso, para nos amarmos de verdade, precisamos nos perdoar. Carregar o peso do passado é difícil demais. Precisamos nos livrar do peso, perdoando-nos de verdade e seguindo adiante.

Precisamos nos criticar menos. Às vezes nossas críticas são muito duras. Já vi muita gente dizer que é duro consigo mesmo, mas não é com os outros. Impossível. Só damos o que temos e amamos o próximo como nós mesmos, então, conseqüentemente, cobramos do outro na mesma medida que cobramos de nós mesmos. É preciso rever se não estamos sendo duros demais conosco, pois esse será nosso reflexo no trato com nossos alunos e outros semelhantes.

Não é bom demais lidar com pessoas que se amam? Seu sorriso irradia luz por onde passa. Agora, tem dia que nem mesmo a gente se suporta. Então, é hora de verificar o que está acontecendo e consertar o rumo.

Não tenha medo de errar

O medo é um grande inibidor de novas ações. Às vezes, paralisamos por medo. E não me refiro aqui ao medo do qual somos reféns nas grandes cidades com a criminalidade e insegurança. Há medos invisíveis que nos prendem. Um deles é o medo de errar.

Se temos medo de errar, muitas vezes sequer tentamos fazer algo diferente. As escolas, no geral, não valorizam o erro como forma positiva de exercício de criatividade. Ainda encontramos ambientes muito positivistas. É o certo e o errado. O preto e o branco. E esquecem as nuanças de cores e a gama de respostas possíveis.

Saímos da faculdade sem saber tudo e passamos a vida inteira sem sabê-lo. Estamos em constante processo de aprendizagem. Ou pelo menos deveríamos estar. A formação do professor deve ser contínua. É impossível que apenas três ou quatro anos do curso superior dêem conta de nossa formação completa. Por isso mesmo, chama-se formação inicial.

Assim, cometeremos erros o tempo todo. A questão é buscarmos não repetir os erros cometidos. Devemos buscar incessantemente aprimorar em nossa profissão, seja ela qual for. Não dá para fazer como uma professora de Ciências cujas aulas uma aluna estagiária assistia. Essa professora tinha o mesmo caderno da época em que a estagiária estudou naquela escola. Em determinada aula, a professora ditava conteúdo relacionado a combustíveis. Quando um aluno perguntou sobre o GNV, que não estava em seu caderno amarelado, a professora desconversou e disse que seria tópico para uma outra aula.

Meu filho Lucas, aos três anos, começou a utilizar a expressão: “Você é medrosa” quando se sentia contrariado. Acho que ele pensava que medrosa era uma palavra feia e, assim, estaria me ofendendo. Expliquei para ele que todos somos medrosos. Ele, espantado, perguntou: “Até eu, mamãe!?” Sim, todos temos algum tipo de medo. E não há mal nisso. É necessário que tenhamos limites para nos proteger, pois o medo também é mecanismo de sobrevivência.

Somos seres muito medrosos. Uma consulta rápida a uma lista de fobias no Wikipédia revela um dicionário imenso de fobias. Só na letra A temos mais de quarenta fobias listadas. No site há a informação de que os dicionários médicos trazem centenas de fobias e que o número de fobias possíveis é quase infinito.

Então, embora ter medo seja algo natural e possa até mesmo desencadear aversões mais específicas, que seriam as fobias, nós devemos estar alerta em relação aos medos que nos paralisam profissionalmente.

Não me lembro onde li e qual é a fonte, mas há uma citação que diz que a covardia é o medo consentido, enquanto a coragem nada mais é do que o medo dominado. E muitas vezes é isso mesmo que teremos que fazer: sentir medo, mas seguir adiante, minimizando o medo de errar.

Lembro-me que na adolescência eu ficava imaginando como os professores não ruborizavam diante da turma para dar aula. Logo eles que passavam tão pouco tempo conosco nunca pareciam tímidos, enquanto eu, para apresentar trabalhos, ficava logo vermelha como um tomate. Acabei me tornando a oradora ao final do Ensino Médio, quando estaríamos no teatro da câmara municipal da minha cidade, com todas as turmas de formando e seus familiares e amigos me ouvindo. Fiquei ansiosa, tensa e fui para o palco quando chamada, apesar de já estar vermelha antes de segurar o microfone.

As pessoas diziam que eu falava bem em público. Talvez não soubessem o quanto eu enfrentava esse medo várias vezes, ao invés de fugir dos convites e obrigações, na igreja ou na escola. Sentia medo, mas seguia em frente. Até que me tornei professora

e palestrante. Tenho fascínio por falar em público. Ainda que nos primeiros segundos ainda tenha medo e, muitas vezes, ainda ruborize. A paixão por compartilhar ideias e conhecimento é mais forte do que o medo de errar.

Seja qual for o seu medo de errar, tente. Tenha humildade suficiente para admitir os erros e limitações. No início de nossa carreira, principalmente, talvez estejamos muito inseguros quanto aos aspectos do que ensinar e como. Talvez gastemos mais tempo preparando uma aula e ainda fiquemos ansiosos com as perguntas que os alunos podem fazer, com medo de não saber responder adequadamente.

Costumo dizer para meus alunos, futuros professores, que não há nada de errado em dizer que não sabe, que vai pesquisar ou estudar mais sobre o assunto. Brinco dizendo que não podemos é fazer isso o tempo inteiro, se não há algo errado. Precisamos nos preparar cada vez mais para entrar em sala de aula. Do contrário, os alunos vão começar a desconfiar também que não sabemos nada.

Assim, tenha medo, mas aquele medo que nos faz ficar mais cautelosos, preparar-nos mais. Tenha, sobretudo, humildade. Não precisamos impressionar nossos alunos com nosso vasto conhecimento ou dar uma aula repleta de termos difíceis ou inacessíveis a eles. Temos que dar aulas para os alunos, não para nós mesmos.

Tente novas formas de ensinar, crie projetos, faça algo diferente. Tenha medo, mas não tenha medo de errar. Só erramos ao tentar fazer algo.


50 atitudes do professor de sucesso

R$ 44,00

Autora: Solimar Silva

Sobre a obra:

O professor de sucesso possui algumas características ou um modo de agir que o torna especial. Sabe aquele professor por cujas aulas ansiamos não apenas porque e engraçado ou domine as técnicas de oratória mas aquela que mexe com nossas mentes e corações? 50 Atitudes do professor de sucesso apresenta os segredos dos professores bem-sucedidos em suas carreiras, contanto historias reais e listando as atitudes dos professores inesquecíveis.

Sobre a autora:

Solimar Silva é diretora da Aretê Coaching – soluções em aprendizagens. Doutora em Linguística Aplicada pela UFRJ, mestra em Letras pela PUC-Rio. Leciona na SME/Duque de Caxias e no curso de Letras da Unigranrio, onde também já atuou como coordenadora. Autora dos livros Dinâmicas e jogos para aulas de idiomas; Oficina de escrita criativa: Escrevendo em sala de aula e publicando na web; Histórias para encantar e desenvolver valores; Dinâmicas e jogos para aulas de língua portuguesa (em coautoria com Sara Costa); Avaliações mais criativas: ideias para trabalhos nota 10 e Práticas de leitura: 150 ideias para despertar o interesse dos alunos, todos pela Editora Vozes.