Benditas sejam as perdas da vida

Por: Frei Gustavo Wayand Medella, OFM

Benditas sejam as perdas da vida
Benditas sejam as perdas da vida

“Benditas sejam as perdas da vida!”. O título, em forma de prece de gratidão, pode parecer um contrassenso numa primeira impressão. Quem haveria de bendizer diante de uma realidade tão dolorosa e difícil quanto à perda. Será que a pessoa capaz desta proeza estaria gozando de seu juízo perfeito? Não seria mais lógico, ao invés de louvar pelas perdas, bendizer pelas conquistas da vida? Estas são dúvidas que podem nascer diante da proposta da obra escrita por Joan Guntzelman, que foi enfermeira com doutorado e Psicologia de Aconselhamento e orientadora do Centro de câncer da Universidade do Novo México (EUA).

A resposta a estes questionamentos, no entanto, começa a emergir logo na introdução, quando a autora afirma: ”Toda perda tem o potencial de se converter na base de uma nova vida e de impulsionar o crescimento”, citando, na sequência, exemplos que vêm da natureza, como o da lagarta, que tem de deixar para trás a escuridão e o silêncio do casulo para se tornar uma borboleta, ou do próprio corpo humano, onde “células novas substituem células mortas ininterruptamente”.

Nas páginas introdutórias, a autora propõe uma reflexão bem fundamenta sobre o tema da perda como parte integrante e necessária da trajetória humana, desde o momento em que saímos do “útero protetor para entrar no mundo”. Percebe-se, desta maneira, que a história humana é também uma coleção de perdas. A leitura atenta destas páginas iniciais, certamente, vai conferir grande proveito ao leitor na jornada proposta pelos capítulos seguintes.

Aliando sua vasta experiência em acompanhar histórias de perdas significativas com a iluminação da espiritualidade bíblica e cristã e com a proposta de exercícios simples e práticos, a autora oferece valiosa ajuda diante das muitas faces com as quais a experiência da perda se apresenta na trajetória humana. São ao todo 16 reflexões destinadas às mais variadas experiências marcadas pela perda: de pessoas, de animais de estimação, de funções, de status, de planos, de situações confortáveis, de independência etc.

 A cada reflexão, é proposto um percurso bastante prático: – Breve oração inicial; – História real; – Comentário; – Dinâmicas práticas para a reflexão; – Iluminação da Palavra de Deus e Breve oração final. A apresentação de situações reais confere empatia e atração ao texto, pois cada um pode, de maneira criativa, enxergar as próprias perdas em experiências concretas vividas por pessoas reais. Quem pessoalmente não viveu, certamente possui alguém próximo que passou ou está passando por algum dos diversos tipos de situações apresentadas no livro.

Na qualidade de religioso e ministro ordenado, com o qual as pessoas vêm diariamente partilhar perdas das mais diversas naturezas, este livro ajudou-me a perceber as janelas de esperança que podem ser abertas diante de cada uma destas difíceis situações que, apesar de trazer consigo o fechamento de um ciclo, também carregam em si a potencialidade de um novo começo. Também tive a possibilidade de pessoalmente trabalhar de forma positiva as perdas que já vivi. Foi um grande alento. Por isso, indico e recomendo a leitura deste livro a pessoas de diferentes idades e áreas de atuação. Quem se dispuser a esta jornada, certamente colherá frutos, presentes e futuros, para si e para outros, aprendendo a lidar de forma mais propositiva e proveitosa com as inevitáveis experiências de perda.

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Frei Gustavo Wayand Medella, OFM, é Frade Franciscano e Vigário Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.