Amar apesar de tudo: Um diálogo entre Jean-Yves Leloup e Marie de Solemne
As reflexões, apresentadas no livro, conduzem o leitor a um projeto de vida que seja consciente e pleno, no qual cada pessoa passe por um processo de aceitação daquilo que é, sem pretender mudar-se; uma vez que isso gera angustia, já que esta ocorre na distancia entre aquilo que se é e aquilo que se gostaria de ser. Assim, assumir plenamente sua natureza é abraçar-se e aceitar-se, iniciando um movimento que levará ao abraço e aceitação do outro.
A dimensão da liberdade é entendida, na obra, como adesão sincera à matéria e à natureza da qual se é; assim, liberdade é a capacidade e a possibilidade de interpretar, isto é, atribuir ou não sentido. Essa experiência, portanto, transforma o destino do ser humano, fazendo-o consciente de sua vida, história e realidade. Nesse sentido, a verdadeira liberdade consiste em percorrer um caminho, no qual se mude de uma vida suportada para uma vida plenamente consciente.
Temas abordados
Temas como memória, perdão, orgulho, humildade, entre outros aparecem na obra. Há uma convergência entre eles e sal abordagem nas respostas de Leloup, pois espera-se que aquele que lê procure se conhecer, aceitando-se e transformando-se. Trata-se, ainda, do medo que as pessoas têm de se perder, pois perderiam o ego, o eu, a imagem que se tem de si mesmo; que segundo o autor são ilusões, pois o mais importante é não perder a vida verdadeira e o essencial.
Deste modo, o desenrolar do diálogo entre Leloup e Solemne leva à compreensão de que é preciso abandonar as ilusões, sejam elas sobre o mundo, sobre o divino ou sobre si mesmo, abraçando uma atitude de humildade (ser o que se é), aceitando seus limites, mas também as qualidades, a inteligência e a beleza.
O que o autor pensa
Por fim, Jean-Yves Leloup dialoga, sempre, com várias tradições religiosas e com outras áreas do saber, convergindo psicologia, antropologia e experiência espiritual, conduzindo sempre para uma experiência de libertação integradora, à luz do ícone da sarça ardente, pois a chama divina arde em cada pessoa, sem a consumir, no sentido de extinguir, mas ilumina cada pessoa. Esse é o caminho ascético proposto por Jean-Yves Leloup, que entende que Deus vem ao encontro da carência de cada ser humano, preenchendo o nada e o vazio.
Leonardo Henrique Agostinho, MSC
Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração,
formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP.
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