Teologia, o que é?
Por: Welder Lancieri Marchini
Tão antiga quanto o cristianismo, a teologia é consequência do desejo do ser humano que busca entender a fé que professa. Como afirmou Anselmo de Cantuária (1033-1109), a teologia é consequência da fé que busca entender (Fides quaerens intellectum), ou seja, o cristão, motivado por sua vivência, é também impulsionado a entender os conteúdos relacionados à sua relação com Deus, com a criação ou com os irmãos. Podemos, então, entender que se a fé é vivencial, a teologia é uma atividade racional.
O franciscano Boaventura, por sua vez, entende a teologia como um “saber amorável”. Ou ela ajuda o ser humano a construir uma relação amorosa com Deus e com os irmãos, ou ela se reduz a um saber racional descomprometido. O teólogo e a teóloga são convocados, pela própria natureza da teologia, a refletir sobre a sua própria existência, de modo a oferecer a si, aos seus e à comunidade cristã elementos para a melhor vivência da sua fé.
Mas o que a teologia estuda?
A princípio, o termo “teologia” remete ao estudo de Deus, isso porque esse é o seu significado em grego. Porém, é possível assumir qualquer objeto para o estudo da teologia, pois o que define um estudo como teológico não é o seu objeto (o que ela estuda), mas sua metodologia (como ela estuda). Em linhas gerais, podemos entender que o estudo teológico se baseia no bom entendimento dos textos bíblicos, na revisão da tradição teológica e da tradição eclesial, mas também no olhar atento à realidade na qual o teólogo ou a teóloga estão inseridos.
Mas será que somente produz teologia quem está nas faculdades? Podemos afirmar que no ambiente universitário o saber teológico é desenvolvido de forma mais rigorosa, mas existem outros ambientes nos quais a teologia é produzida, isso porque são várias as vezes que o ser humano busca entender as questões relacionadas à sua fé. Pensemos em uma mãe que se questiona sobre a morte inesperada de seu filho ou no sofrimento de uma boa pessoa que foi acometida por uma doença terminal. Ao nos questionarmos sobre o desejo de Deus nessas situações, estamos produzindo teologia, mesmo que se trate de uma teologia vivencial ou cotidiana. Também a religiosidade popular tem muito de teologia. Quando montamos o presépio como preparação para o Natal, pensamos na importância de preparar nossas vidas e nossos corações para que Jesus possa nascer também em nós.
A teologia faz parte da vida de todo cristão, e quando buscamos formação teológica, nos comprometemos a melhor entender as questões que são próprias de nossa fé. O contato com a tradição teológica ou com teólogos e teólogas de nosso tempo possibilita um melhor entendimento de quem foi Jesus e de seu projeto, mas também de como seus ideais se perpetuaram ao longo da história e se fazem relevantes ainda em nossos dias.
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