Perder para encontrar – A experiência transformadora da meditação

Por: Sergio Peixoto Junior

Perder para encontrar - A experiência transformadora da meditação
Perder para encontrar – A experiência transformadora da meditação

Li este livro pela primeira vez por volta de 2010, uma edição anterior, durante os primeiros anos de meu contato com a prática da meditação cristã. Desde então, tenho me inspirado na sua releitura, como quem busca aconselhamento e orientação nessa jornada ao encontro de mim mesmo e de Deus.

A meditação é uma disciplina verdadeiramente renovadora, pois constitui um caminho de restauração da saúde espiritual, tão necessária para nós, pessoas modernas. Nas palavras de Dom Laurence, é um caminho “antigo e novo”, já que pertence a uma tradição milenar – dos padres e madres do deserto e das comunidades cristãs primitivas, ao mesmo tempo em que continua viva por meio de seus praticantes que, em diversas partes do mundo, recolhem-se diariamente à experiência do silêncio, individual ou coletivamente, partilhando essa jornada tão simples, tão humana e por isso divina.

As reflexões apresentadas são baseadas nas palestras realizadas no mosteiro beneditino de Montreal, Canadá, onde leigos e monges se encontravam nos primeiros grupos de meditação cristã, para escutarem ensinamentos e praticarem juntos.

O título da obra, tanto o original “Selfless Self” (algo como O Eu Abnegado, ou Altruísta) e a versão em português “Perder para Encontrar” podem parecer contraintuitivos, mas se equivalem e se sintonizam pois têm como base os ensinamentos de Jesus no Evangelho, como em Mateus 10, 39: “Quem se apega a própria vida vai perdê-la, mas quem perde a própria vida por mim, vai encontrá-la.” Ou ainda em Marcos 8, 34: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Ensinamentos que nossa sociedade competitiva e egocêntrica, baseada na filosofia do sucesso e da prosperidade, precisa ignorar ou contornar para se sustentar.

Segundo o autor e a tradição contemplativa que representa, a prática da meditação leva exatamente ao cumprimento das palavras de Jesus, aparentemente tão difíceis de serem realizadas. Aprendemos com esta disciplina uma maneira de transcender nosso ego, nossas ambições, preocupações, desejos, nossas ilusões, tudo o que bloqueia nossa conexão com o divino presente em nós. Compreendemos que é preciso abandonar a vida “egoísta” se quisermos ganhar uma nova vida, muito mais ampla, a verdadeira vida a partir do Espírito. Perdemos uma para encontrar a outra. Expansão da consciência, abertura de coração, crescimento no Amor, que é a forma mais alta de sabedoria.

Ao longo dos capítulos, Laurence Freeman demonstra como deve ser trilhado o caminho para essa nova vida, deixando a antiga para trás. De que forma as aparentes derrotas, os fracassos e erros constituem oportunidades para, se estivermos atentos, percebermos as limitações e imperfeições de nossa individualidade e então buscarmos a transformação de nossas consciências – Metanoia (mudança da mente), como alertou Jesus no início de sua pregação.

“Perder para Encontrar” apresenta reflexões belíssimas por sua clareza e profunda sabedoria, inspiradoras para quem está iniciando ou já se encontra há algum tempo em sua jornada espiritual e necessita orientação. Orientação que provém da experiência, além de teorias, de alguém que já trilha o caminho há décadas e nos alerta dos perigos – de se acomodar, de se desencorajar, de se perder. Toda grande tradição de sabedoria, o cristianismo aí incluído, aponta para a importância de seguir uma tradição e um mestre. São muitas as ofertas de caminhos para a iluminação, mas a obra de Freeman aponta para a meditação como prática de vida, como meio para satisfazer a sede de conhecimento natural do ser humano, através do despertar da consciência de Cristo, um processo de des-ilusão de que somos o centro da realidade (estado de egoísmo), que traz alienação e solidão, para então encontrar paz, crescimento, alegria de apenas ser quem somos.

“Por isso meditamos – para que sejamos conformes com o que Deus gostaria que fôssemos – nosso verdadeiro eu.”

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Sergio Peixoto Junior, 44 anos, é designer gráfico especializado em comunicação corporativa e coordenador de equipes criativas. Pratica meditação desde 2008 e conduz retiros e grupos presenciais e online. Atualmente é coordenador nacional da Comunidade Mundial para Meditação Cristã no Brasil.

Mais informações no site www.wccm.org.br e pelo e-mail: brasil@wccm.org.br.