Paz, alegria, frustração? O lançamento orienta aqueles que buscam viver bem no coletivo

“Uma comunidade que não cuida dos fracos ignora suas próprias fraquezas, pois muitas vezes os fracos servem como espelho para a comunidade. Se acha que consegue formar uma comunidade composta exclusivamente de membros fortes, você se surpreenderá ao ver como aos poucos, os fortes se tornam fracos.”

Anselm Grün

Em “Paz, alegria, frustração?“, Anselm Grün traz em oito meditações baseadas na antiga sabedoria da Regra de São Bento, uma visão de como a sociedade pode funcionar atualmente.

O convívio bem sucedido é uma conquista diária, que passa por conflitos intra e interpessoais. Comunidade versus individualismo, compromisso versus liberdade, dificuldades de relacionamentos entre personalidades diferentes são alguns que aparecem em grupos de pessoas que se relacionam, seja no ambiente de trabalho, na família, numa comunidade religiosa, na escola ou num grupo político. Esta obra orienta aqueles que buscam viver bem no coletivo. 

São as meditações:

  1. Realismo em vez de idealização: As idealizações românticas iludem e trazem decepção, estas são bem vindas para abertura de caminhos mais palpáveis. Grün traz conselhos de como um bom líder pode lidar com os insatisfeitos que envenenam o ambiente e os críticos que só julgam o outro e não se vêm. Os fracos, neuróticos e perdidos mostram as insuficiências humanas.

2. Aguentar e suportar: Aguentar é aceitar primeiro a si mesmo e depois, o outro mesmo que diferente de você. Como diz Grün: “Em sua Regra, São Bento também afirma que os fortes e os fracos dependem uns dos outros.” E é preciso encontrar caminhos saudáveis para a confrontação do conflito. Fracos espelham a sombra dos fortes.

3. Permitir que o outro seja como é: Uma comunidade é feita de pessoas diferentes, liderar é servir a todos. Quando há tranquilidade de ser, e desapego do ego, posso deixar o outro ser. A diversidade é uma bênção divina.

4. Aceitar as diferenças: Grün traz o Eneagrama, teoria da personalidade cujas origens remetem aos monges do século IV para expor as diferenças entre pessoas como o que analisa tudo antes de agir e o quer resolver rápido. Inicialmente um pode se irritar com o outro, mas com aceitação um pode complementar o outro.

5. Concentrar-se naquilo que realmente importa: O que é essencial? Na cultura do ser e o do ter, relacionar-se pelo ser traz conexão, uma vida simples e sustentável e pelo ter, conflitos.

6. Convívio respeitoso com as coisas: “Ore e trabalhe”, é um lema beneditino que traz a espiritualidade para o dia a dia. As coisas também são sagradas, pois estão impregnadas do espírito de Deus. O manuseio cuidadoso com as coisas também é um gesto de amor ao outro que vai utiliza-lo depois de mim. Este respeito se estende também à natureza.

7. Desculpar e perdoar: Cinco passos para transformar as feridas em pérolas e devolver ao outro o que é do outro, ajudam a purificar para não viver na amargura.

8. Ser um: Para se tornar UM com o outro é preciso reconhecer a origem no Uno. A verdadeira espiritualidade consiste em se sentir Um com toda a criação e isso nos coloca num sentido de reverência por todos seres humanos, animais, natureza, planeta.

Neste livro, Grün traz preciosas inspirações de como a espiritualidade pode promover uma convivência saudável e além: um verdadeiro campo de estudos e experimentações que promovem o autoconhecimento e auto aperfeiçoamento.

Silvia Renata Medina da Rocha, psicóloga junguiana