Espera de Deus: Simone Weil compreende a ação de Deus na alma

Espera de Deus” reúne cartas escritas por Simone Weil, entre 19 de janeiro a 26 de maio de 1941, e também alguns ensaios. Sobre a autora, é uma mística e filosofa francesa que se torna operária da Renault, para pode escrever sobre o cotidiano dentro das fábricas. Nestas cartas e nestes ensaios é possível perceber o movimento interior que ocorre em Simone Weil, que culmina na busca espiritual e em sua iluminação.

Nos escritos desta mística francesa fica claro que a presença de Deus deve ser sentida em todas as coisas exteriores, também é explicito que para ela há uma experiência forte do sentido do anonimato, que a aproxima de outras pessoas, com a massa da humanidade comum, para usar suas palavras. A questão da obediência aparece fortemente em seus escritos, tanto que ele escreve que está disposta a cumprir qualquer ordem. Simone Weil compreende a ação de Deus na alma como uma ação secreta e silenciosa; sua experiência pessoal a conduz para uma perda de toda vontade, tanto que ela aspira perder todo seu ser próprio.

Através das cartas, Simone Weil conta sobre sua história e suas experiências, chegando a narrar sua intimidade. Numa das cartas Weil escreve sobre seu contato com o cristianismo e sobre sua experiência de oração na igreja de Santa Maria dos Anjos, em Assis, ocasião em que sente desejo de se colocar de joelhos, pela primeira vez na vida. Conta, ainda, sobre sua estadia na Abadia de Solesmes e sua experiência sobrenatural dos sacramentos, ao ver um jovem comungando.

Em determinado momento, estudando grego, Simone Weil decora o Pai-Nosso e é invadida pela doçura das palavras dessa oração, chegando a não conseguir deixar de recitá-la continuamente. Disso, decide rezar, com atenção absoluta, toda manhã esta oração, determinada a recomeçar sempre até obter uma atenção pura, todas as vezes que durante a oração sua atenção for distraída. Disso decorre um de seus ensaios sobre o Pai-Nosso.

Por fim, todo o conhecimento espiritual de Simone Weil se dá pela experiência, nada disso ela conhecia ou tinha lida antes. Tal experiência a faz afirmar que a oração é feita de atenção e de acordo com ela a atenção é deixar o pensamento vazio, sem buscar nada e estar sempre pronto para receber. Nela, a atenção alcança outra vertente, que é a capacidade de olhar para um infeliz e lhe perguntar qual o seu tormento, de acordo com Weil, está é a plenitude do amor ao próximo, aliás, ela afirma que uma das verdades do cristianismo, bastante esquecida, é que o olhar salva.

Leonardo Henrique Agostinho, MSC
Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração,

formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP