“Da Oração”, de João Cassiano
Da Oração, reúne duas colações de João Cassiano acerca da vida interior. O autor é um dos maiores mestres espirituais da Igreja e esta obra é um tratado completo sobre o tema. As conferências compiladas neste livro objetam transmitir aos monges e monjas do Ocidente os ensinamentos dos Padres do Oriente, principalmente do Egito, fulgurando entre eles Evágrio Pôntico. Este ensinamento é sobre o ascetismo e o modo de vida conhecido como anacoreta.
Para conduzir seus ouvintes e discípulos à oração perfeita, incessante e continua é que João Cassiano escreve essas observações. Assim, o objetivo é orientar os irmãos e leva-los a responder com precisão o mandamento bíblico “Orai sem cessar” (1 Ts 5,17). Deste modo, o primeiro ensinamento apresentado nesse livro é o de eliminar toda inquietação, de qualquer ordem, interior ou exterior; isso para que a oração alcance fervor e pureza. Antes da oração, contudo, a pessoa deve expulsar do santuário de seu coração tudo aquilo que possa importuná-la no momento da oração.
A oração, na concepção de João Cassiano, deve conduzir a alma à leveza, para que esta consiga elevar-se até Deus, por meio da meditação espiritual. Para que a alma penetre alto e além, é preciso expurgar de si os vícios e desprender-se dos resíduos das paixões, dando espaço às virtudes, subindo até Deus. Então, as preocupações da vida presente não devem obscurecer o coração dos que buscam se dedicar à vida de oração e à busca de Deus.
Seguindo nas conferências, trata das diferentes formas de rezar, afirmando que há diversos modos de oração; apresenta assim quatro espécies, segundo o ensinamento de São Paulo, a saber: obsecração, promessa, súplica e ação de graças. O místico e asceta assegura que há um motivo para o Apóstolo colocar nessa ordem as quatro espécies de oração e que os principiantes ou os que já progridem, segundo o seu grau espiritual.
A oração deve adquirir virtude e extinguir o vício, passando pelos quatro graus de oração, simultânea e isoladamente. Por fim, João Cassiano ensina que o próprio Jesus foi quem iniciou, para seus seguidores, as quatro espécies de oração. Ensina, ainda, que a oração do Pai-Nosso conduz a um estado elevado e excelente na vida de oração e que a alma não deve pedir nada que não se encontra na oração dominical, pois ela é uma breve fórmula de oração, que conduz à oração ardente.
Leonardo Henrique Agostinho, MSC
Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração,
formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP.
Compartilhe nas redes sociais!
Comentários
Seja você a fazer o primeiro comentário!