A harpa de São Francisco, por Felix Timmermans

“A harpa de São Francisco”, do holandês Felix Timmermans, narra a vida do jovem de Assis. Assim, desde seu nascimento até sua morte, passa-se pelos principais momentos da história deste santo, tão conhecido e amado. De igual modo, também a história da Ordem Franciscana é exposta, visto que não pode ser dissociada da vida de seu fundador. Narrada de forma poética e simples, a obra insere o leitor na vida deste homem e os impulsiona a uma vida de busca de Deus.

O caminho espiritual de Francisco é descrito de forma direta, desde sua insatisfação da juventude e busca de sentido até sua configuração ao Cristo. O autor, para falar dos momentos iniciais do processo de conversão, usa uma figura de linguagem. Assim, o Poverello via-se diante de uma encruzilhada, travando uma guerra interior, até que escuta da boca do crucificado o mandato de ir e reconstruir a Igreja.

A vida deste santo, como se percebe no livro, foi marcada por uma grande busca de Deus, tanto através da oração quanto das penitências e jejuns, contudo, sua procura não era fechada nem intimista, mas antes, tendo os olhos interiores voltados para o alto, mantinha os olhos físicos nas dores e nos sofrimentos de seus contemporâneos, principalmente os leprosos, que eram os marginalizados e esquecidos de sua época. Estes ocupavam um lugar especial em seu coração, pois neles contemplava as dores de Cristo.

Amante da Dama Pobreza, ele a abraçou e a desposou, sendo por isso tomado como um louco, sendo ridicularizado e humilhado por aqueles que seguem a lógica que impera no mundo. Inflamado de amor por Deus e desejoso em anunciar a salvação, saía para pregar, nas praças e onde lhe fosse permitido; sua pregação abria os olhos e os corações dos ouvintes, pois sua mensagem era fruto de sua experiência evangélica.

A vida de Francisco de Assis foi uma luz e um espelho. Uma luz aos homens e as mulheres de seu tempo, que o tomavam como exemplo, e espelho porque refletia as próprias ações de Jesus. Tinha, ainda, uma profunda atitude de respeito e cuidado com a Criação, pois percebia nela a manifestação do amor, do carinho e da beleza de Deus. Seu grande desejo era que reinasse a paz, tanto nos corações quanto no mundo inteiro, assim entregou-se por completo a Deus, cumprindo sua vontade, recomendando tal atitude aos que a ele recorriam.


Leonardo Henrique Agostinho, MSC
Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração,

formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP