10 lições sobre Hegel

10 lições sobre Hegel

Por: Marloren Lopes Miranda

Falar de um autor canônico, como Hegel, é sempre um desafio, independentemente do público para o qual a fala é dirigida. No caso hegeliano, em aproximadamente 200 anos, já foram apresentadas uma série de interpretações e de críticas, de tentativas de esclarecer seu pensamento ou de aproveitar seus insights, e de introduções à sua filosofia. Todavia, cada texto é muito mais do que cada uma dessas coisas isoladamente: é um pouco de cada, tudo junto. Não seria diferente com “10 Lições sobre Hegel”.

É justamente nesta trilha que procurei desenvolver a escrita desse texto: apresentar uma introdução às teorias de Hegel, mas com rigor conceitual. Desse modo, a ideia geral do texto é apresentar alguns conceitos centrais da filosofia hegeliana, de modo que, através deles, seja possível não apenas compreendê-los, mas desencadear uma série de discussões mais aprofundadas. Assim, um dos aspectos que considerei para essa escrita foi a de oferecer ao leitor uma bibliografia diversificada e rica, a fim de que ele possa, a partir da leitura do texto, buscar outras perspectivas sobre os temas apresentados, se assim o desejar.

Com isso, o objetivo central da obra é dissolver minimamente a ideia de que Hegel seja um pensador obscuro ou de difícil acesso. O estudo desse autor certamente requer um certo grau de paciência, mas também uma certa contextualização das discussões sobre as quais o filósofo se debruça. Hegel é um autor muito envolvido com os temas e debates de sua época, e também é um estudioso bastante informado acerca das mais diversas problemáticas de seu tempo. Assim, relacionar a filosofia de Hegel com seus contextos históricos, científicos e filosóficos foi um esforço feito com o objetivo de tornar seus conceitos e temáticas mais acessíveis ao leitor.

Para as temáticas escolhidas em cada lição, considerei um certo encadeamento de ideias, a fim de que as noções abordadas em um capítulo conduzissem às do outro. Assim, parto de temas mais gerais da filosofia hegeliana, que perpassam todas as discussões que o autor apresenta, para depois me concentrar em momentos mais pontuais das teorias do autor, de modo que se possa articular as noções trabalhadas em cada lição entre si. Dessa forma, apresento os contextos históricos mais gerais sobre Hegel, e suas discussões sobre o que ele entende como abstrato e concreto, assim como sua posição no debate sobre a filosofia como uma ciência e seu método. A seguir, dedico algumas páginas à sua noção de natureza, de consciência e de espírito. E por fim, considero a célebre passagem sobre o senhor e o escravo, a noção de eticidade e a sua interpretação da peça Antígona, de Sófocles.

Com esse panorama, a obra não visa apenas aos leitores que procuram informações mais gerais sobre a filosofia de Hegel ou aos estudantes que estão iniciando suas pesquisas sobre o autor. Ela também pode ser uma opção para os colegas professores, que não raramente precisam de materiais que apresentem as teorias de Hegel sem, com isso, precisar recorrer a um texto muito superficial, ou a um texto extremamente profundo, que requer um estudo próprio, e que acaba, por isso, fugindo do propósito.

Desse modo, apesar de ter sido desafiador escrever esse texto, foi também uma experiência bastante gratificante. Espero que o leitor também possa ter uma boa experiência com essa obra, e que, ao final, considere Hegel um filósofo um pouco mais acessível.

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