“Refletindo sobre a sociedade atual com Byung Chul Han”

Não há até o momento, outro pensador que nos faça refletir os rumos que nossa sociedade num contexto atual vive do que Byung Chul Han. Ao pensar a “violência social”, escrevendo o livro Topologia da Violência, temos claro um quadro descritivo de outras ocorrências a partir dessa topologia. Lendo a obra, podemos perceber e compreender que a violência tem várias facetas e brinca de esconde-esconde sutilmente, gerando, nesse mostra e esconde, um cansaço físico e emocional.  E esse cansaço, gerado pela violência, é causador de outras enfermidades sociais, tais como: exaustão emocional, desconstrução da negatividade, não permitindo o confronto com o diferente. O não confronto com o outro desencadeia em nós a impossibilidade do autoconhecimento, pois é precisamente nesse encontro que vejo o meu íntimo mais íntimo.

Quando nos permitimos ser encontrados na pessoa do outro, reconhecemos aí não um inimigo, mas um outro eu, que tem negatividades, positividades, que busca experimentar as conclusões das mais diversas atividades desenvolvidas, e que por vários motivos causam nele o stress da autoprodução sem fim. Essa não conclusão, esse deixar coisas por fazer, experimenta a sociedade do cansaço. A busca imperativa pelo “seu melhor”, “dando tudo de si”, tem impactos nocivos na mente e no corpo, e a dor causada por esse sentimento a sociedade paliativa não suporta, pois ela busca evitar todo tipo de dor e conflito. Pela nossa relação com a dor é que se revela a sociedade em que vivemos.

A relação bem sucedida com o outro se expressa como uma espécie de fracasso. Não se pode amar o outro a quem se privou de sua alteridade. Hoje está se perdendo cada vez mais o decoro, a respeitabilidade, a distância, isto é, a capacidade de experimentar o outro em sua alteridade. Perdendo-se a alteridade, perde-se a essência do amor, pois este implica em renunciar à consciência de si mesmo, em esquecer-se num “outro si-mesmo”.

Para o autor, em nossos dias, falta-nos sermos transparentes conosco e com os outros, pois “a sociedade da transparência não padece apenas com a falta de verdade, mas também com a falta de aparência. Nem a verdade nem a aparência são transparentes. Só o vazio é totalmente transparente”.

Somente quando nos esvaziamos de toda e qualquer pretensão ambiciosa é que poderemos aconchegar, no vazio do nosso interior, a todos. Nada permanece isolado para si. As coisas se aproximam, se espelham uma nas outras. Percebamo-nos a nós mesmos no amigo. Aprazamo-nos a nós mesmos no outro. Agindo desta forma, com essa clareza de pertencer e dividir o mesmo espaço, viveremos em uma sociedade real e não somente idealizada.

“O mundo é como uma concha misteriosa” (Lao -Tse)

Frei Jonas Ribeiro da Silva, 41 anos de idade, natural de Cruzeiro SP, formou-se em filosofia no ano de 2002 pela Universidade Salesiana de Lorena SP. Pertence a Ordem dos Frades Menores na Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Trabalha em Pato Branco PR, desde o dia 05 de Janeiro de 2022 na frente da comunicação e evangelização.