O domínio de si mesmo
Por: Silvia Renata Medina da Rocha
Seria a vida um sonho? Segundo Ruiz, existe o sonho individual e o do planeta, criações e co- criações da realidade, onde a maior parte das pessoas estão dormindo. Despertar e sonhar com consciência é o resultado de um trabalho do domínio de si mesmo.
Tolteca significa artista. E povo Tolteca é um grupo de nativos americanos no México que estudam percepção. Don Miguel Ruiz JR. é um nagual (xamã) tolteca, filho de Don Miguel Ruiz, autor do livro “Os quatro compromissos”.
Esta nova obra do autor, começa com explicações de termos-chaves para a compreensão da filosofia tolteca: Aliado (voz interior que inspira a criar), Apego (investimento emocional a algo externo a você e que não é você), Parasita (voz interior que critica e domestica), Domesticação (crenças e comportamentos adotados), etc.
Também introduz uma metáfora da vida como uma festa onde muitas pessoas estão embriagadas, com maior ou menor teor de álcool, sendo difícil se manter sóbrio onde todos estão praticamente inconscientes.
No capítulo 1, Forjando o mestre, Ruiz nos conta sobre O sonho pessoal, a realidade única criada por um indivíduo e Sonho do planeta como a manifestação das intenções compartilhadas. Como não se embriagar quando a domesticação do coletivo se impõe? Ser mestre de si mesmo e se manter no seu centro ao mesmo tempo que interage com o Sonho do Planeta é um desafio e a proposta deste livro.
No capítulo 2, Ruiz conta a história de um xamã chamado Espelho Enfumaçado que percebeu a névoa (apegos e domesticação) envolta em todos que não permite a experiência da verdade sobre quem somos. Ferramentas de domesticação criam a auto domesticação e os apegos, como um elefante grande “preso” a um fio ligado a uma pequena estaca, como os embriagados da festa. O autor propõe exercícios de reflexões para expandir a autoconsciência.
No capítulo 3, Ruiz denomina o Amor incondicional como o reconhecimento da divindade em cada ser humano, sem distorções ou projeções. Quando condições precedem o amor, já não há mais esse reconhecimento. Por meio de quais olhos você narra sua própria história? Os do Parasita, Aliado ou Eu autêntico? Um Mestre de Si Mesmo identifica e transforma essas partes, Ruiz propõe exercícios para libertar-se de julgamentos.
Capítulo 4, Amor incondicional pelos outros, trata de como gerar paz no planeta mesmo quando há discordâncias. Ressentimento e raiva são assuntos encaminhados a partir de um ritual de perdão com imaginação guiada.
No Capítulo 5, Identificando os gatilhos e manobrando as armadilhas, nos mostra como as emoções podem nos ensinar sobre apegos, espelhamentos (projeções) e domesticação anterior. O mestre de Si Mesmo identifica as emoções e reconhece que a responsabilidade pelas reações emocionais é sua. O autor sugere algumas perguntas que auxiliam no processo de conscientização das emoções e reações como: “O que estou prestes a dizer vem de mim mesmo ou de minhas crenças domesticadas?” Cita ainda as redes sociais como um território cheio de armadilhas e gatilhos e ótimo pra treinos de autocontrole emocional.
Capítulo 6 – Interrompendo o ciclo do automático, encontramos práticas de conscientização de um mestre desde a meditação até a prática do guerreiro contrário. Práticas que nos permitem fazer escolhas mais conscientes
Capítulo 7 – Máscaras, nos levam a questionar os padrões que construímos para sermos aceitos, as projeções que fazemos nos outros e como lidar com as projeções que os outros nos lançam, a fim de estarmos mais perto de nosso Eu Autêntico. Algumas perguntas nos ajudam nesta reflexão.
Capítulo 8 – Definição de objetivos. Criar objetivos pode estar a serviço da domesticação ou do Eu autêntico. Se você quer mudar algo por não se aceitar é domesticação, e o medo, a dúvida ou a vergonha estarão presentes. Mas se você quer alcançar algo com amor incondicional, a autoconfiança natural cresce. Resultados não definem ninguém. Mantras e visualizações ajudam neste processo e você ainda se diverte.
Capítulo 9 – Comparação e competição. O que você deseja é o que você necessita? Ter referências é algo importante para inspiração. A autoimagem de incapacidade gera sentimentos de inferioridade, é a voz do parasita falando mais alto. A experiência do EU Sou e da gratidão voltam o olhar para o interior, lugar de onde se criam todos os sonhos individuais e do planeta. É nesse momento que o autoconhecimento nos leva ao domínio de Si Mesmo.
Silvia Renata Medina da Rocha é Psicóloga formada pela UERJ, especialista em Psicologia Junguiana (IBMR), Terapeuta familiar Sistêmica, Pesquisadora das tradições nativas, é co-autora do livro Morte e Renascimento da ancestralidade indígena na alma brasileira, com o texto Alquimia da floresta, uma experiência vivida, lançado pela Editora Vozes.
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