A história da transferência da capital federal do Brasil
Por: Wolmir Therezio Amado
Sob controvérsias sem fim, na década de 1950 a Capital Federal do Brasil foi arrancada do Rio de Janeiro e transferida para o Planalto Central. Até um “sonho de dom Bosco” veio em favor da construção de Brasília: mito fundacional, símbolo psíquico de um místico visionário ou instrumentalização política de uma narrativa onírica?
Desde o período imperial brasileiro, por razões geopolíticas havia a intenção de que a Capital Federal do país fosse situada no centro geográfico do Brasil. Com a instauração do regime republicano, a Constituição de 1891 transformou aquela intenção em exigência legal. Disputas regionais e impasses de toda ordem protelaram, durante décadas, a construção de uma nova sede nacional.
Foi neste contexto que emergiu um singular e inédito protagonismo político da Igreja, num período em que os desgastes do Catolicismo institucional o impeliam a uma nova militância a fim de restaurar a sua relação com o Estado, o prestígio público e a liderança junto às massas.
Em favor da Igreja Católica havia a sua organização mundial, a sua história e experiência milenares, o preparo e capacidade de seu corpo hierárquico, a sua inserção nas realidades locais, a receptividade do imaginário cristão brasileiro, o “sonho de dom Bosco”, os milenarismos e a religiosidade popular, a onda migratória para o oeste do país e o conhecimento missionário sobre as vastas e vazias extensões de terra agricultável no interior sertanejo.
Combativa e militante, particularmente na década de 1950, a Igreja se uniu às principais forças políticas da República, participou ativamente para que o Planalto Central do país sediasse a Capital Federal do Brasil, inseriu-se no Plano Piloto de Brasília e ocupou os espaços estratégicos próximos aos poderes da República.
Em A história da transferência da Capital Federal do Brasil, eu conduzo o leitor às tramas e bastidores do poder religioso, político e econômico; levo a visitar aquele interior sertanejo do país, no oeste brasileiro, para onde se dirigia uma imensa onda migratória; apresento a emblemática biografia de personagens que atuavam na penumbra, para mudar a geografia política do país; situo o imaginário cristão brasileiro, o fenômeno milenarista e até uma ocorrência miraculosa enquanto se construía Brasília; e revelo como e o porquê a Igreja Católica e as demais igrejas e religiões se inseriram no espaço urbano da Capital Federal e próximas ao centro dos poderes da República.
É uma história fascinante – com informações, narrativas e abordagens inéditas – que ajuda a compreender melhor o projeto de nação e o Brasil que hoje temos!
Wolmir Therezio Amado, nascido em Paim Filho/RS, há quatro décadas reside em Goiás. É professor universitário e doutor em Ciências da Religião. Foi reitor da PUC Goiás por cinco mandatos e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Também presidiu o CNLB/ Conselho Nacional do Laicato do Brasil, além de fazer parte de várias entidades e organizações nacionais e internacionais. É autor de diversos livros e artigos científicos.
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