Luís Mauro Sá Martino
Autor dos livros: Estética da comunicação, Teoria da comunicação, Teoria das mídias digitais, Métodos de pesquisa em comunicação, No caos da convivência e Novo normal?.
Luís Mauro Sá Martino é doutor em Ciências Sociais, foi pesquisador-bolsista na Universidade de
East Anglia, na Inglaterra. É autor dos livros: No caos da convivência, Teoria da comunicação e The Mediatization of Religion, publicado pela editora britânica Routledge, entre outros.
É professor da Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero, além de atuar na Casa do Saber e como palestrante em empresas, escolas e universidades.
Gostaria de saber mais sobre o autor? Então confira abaixo a entrevista que fizemos com ele especialmente para você!
– Como e quando surgiu a ideia de escrever seu primeiro livro, e qual foi?
O primeiro livro que publiquei, na verdade, foram dois. Um e meio, para ser exato. Em 2003, a editora Paulus estava iniciando uma coleção de livros sobre Comunicação, hoje com mais de trinta títulos. Um ex-professor, amigo e “mestre jedi”, Clóvis de Barros Filho, me apresentou na editora, e fiz a proposta de um livro sobre mídia e religião. Eles generosamente apostaram na ideia e, com o incentivo da minha orientadora de mestrado na época, professora Beatriz Muniz de Souza, terminei o texto que se tornou o Mídia e Poder Simbólico. Ao mesmo tempo, Clóvis e eu escrevemos O habitus na Comunicação, também publicado pela Paulus naquele ano.
Meu primeiro livro com a Vozes foi o Estética da Comunicação e saiu em 2007, quase por acaso. Em 2006, participei de um evento sobre Comunicação e apresentei alguns temas com os quais estava trabalhando. Um editor da Vozes, José Maria da Silva, estava lá e, depois de uma conversa, apareceu a ideia do livro. No final daquele ano, 2007, Lídio Peretti, também editor da Vozes, me sugeriu escrever um livro sobre as teorias da comunicação. Por coincidência, era um projeto que tinha há muito tempo, e resultou no Teoria da Comunicação, publicado em 2009. Depois vieram o Teoria das Mídias Digitais (2014), Métodos de Pesquisa em Comunicação (2018) e, por um generoso convite da editora Aline Santos, saiu No Caos da Convivência, pelo selo Nobilis, em 2020.
– Onde busca inspiração para os temas de seus livros?
Ah, a maior parte das ideias nasce da sala de aula. É nesse espaço mágico, nos diálogos com alunas e alunos, que aparecem algumas questões – depois, mais trabalhadas, elas podem se transformar em livros. Geralmente os livros nascem da necessidade de aprofundar algum assunto ou tema, e deixá-los prontos para o debate. Como professor, geralmente penso em termos dos capítulos como aulas, isto é, material para começar uma conversa. O conhecimento acontece no diálogo, e os livros são um resultado disso – quem sabe, para começar novas conversas.
– No geral, quanto tempo demora para escrever um livro?
Nossa, boa pergunta. Depende muito do momento, da intensidade do tema e do quanto o texto precisa ser trabalhado. O Teoria da Comunicação levou seis meses, o Métodos de Pesquisa em Comunicação foi escrito ao longo de um ano. Na verdade, a preparação do livro (organizar os temas, definir o estilo, ordenar os capítulos) costuma demorar mais do que a escrita em si. Acertar o estilo também leva tempo: às vezes é complicado encontrar a frase para dizer alguma coisa. E a cada leitura você vê pontos a melhorar: costumo brincar que o arquivo “Final.doc” vira “Final1.doc”, “Final2.doc”, “Final_Vale_Este.doc”, “FINAL_AGORA_VAI.doc”, e assim por diante, até a versão final.
– Qual livro está lendo agora?
Geralmente estou com vários livros ao mesmo tempo, de acordo com as aulas ou atividades que estou fazendo. Na parte de literatura, neste momento estou relendo Sherlock Holmes. É uma leitura recorrente, e acho que nunca perde o tom de surpresa – tem sempre um detalhe a mais no qual podemos prestar atenção.
– Poderia indicar para os leitores um livro que marcou sua vida e que vale muito a pena a leitura?
Nossa, não saberia dizer… Foram vários, em épocas diferentes, cada um com seu significado. Além dos livros acadêmicos, tenho lido bastante literatura – para usar uma expressão contemporânea, tenho “maratonado” Virgínia Woolf, e sempre volto para a literatura e a poesia de Ana Cristina César, Paulo Leminski e Hilda Hilst. Desde o início da pandemia, tenho mergulhado em poesia contemporânea, jovens autoras e autores com muita coisa importante a dizer.
Se precisasse destacar um, ficaria com o primeiro livro “de gente grande” que li. Foi Cosmos, de Carl Sagan, fruto da série de TV de mesmo nome. Passava aos sábados pela manhã, se não me engano. Eu devia ter uns cinco ou seis anos, e acordava cedinho para assistir. Quando meus pais viram esse interesse, me deram o livro – era para outra faixa etária, mas eles aproveitaram para incentivar o gosto pela leitura.
– O acesso à internet está cada vez mais fácil, e com isso surge também uma “liberdade de expressão” que muitas vezes não tem sido bem usada. Para você, qual o futuro da comunicação após essa “liberdade” que a internet trouxe?
Penso que ainda estamos aprendendo a entender a Internet. As mídias digitais nos colocaram diante de nós mesmos pela primeira vez na História, da maneira mais radical, e estamos tentando entender o que vemos. Em termos de futuro, mas começando agora, imagino que vamos aprender a selecionar melhor o conteúdo, tanto o que consumimos quanto o que produzimos. Talvez seja hora de deixar de lado o espanto com o que é possível e nos concentrarmos sobre o que é real – postagens têm consequências reais, sobre pessoas reais. E, quem sabe, mais para frente, tornar a Internet o espaço de diálogo e conhecimento que ela prometia ser.
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