Direção espiritual e meditação: resultado da experiência pessoal de Thomas Merton

Direção Espiritual e meditação”, do monge trapista Thomas Merton (1915-1968), reúne artigos que inicialmente foram publicados mensalmente numa revista monástica. O livro é dividido em duas partes, num primeiro momento fala-se sobre a direção espiritual e num segundo momento sobre a meditação. As palavras descritas nesta obra não devem ser entendidas, simplesmente, como conteúdo acerca dessas matérias, mas resultado da experiência pessoal desse grande homem, que marcou e marca gerações.

Já na introdução, o próprio Merton adverte que as páginas desse livro não pretendem serem completas, perfeitas ou exaustivas. Ou seja, toca-se apenas em alguns pontos, cruciais e importantes em matéria de direção espiritual e meditação. A obra destina-se a todos os cristãos, mas em especial àqueles que radicalizam sua consagração batismal, por meio da profissão religiosa dos conselhos evangélicos.

Assim, na primeira parte, discorre-se sobre a direção espiritual, seu sentido e seu fim; bem como a origem dessa prática na história, que remonta à era primitiva do cristianismo, no período dos padres do deserto. Thomas Merton explica que a direção espiritual é um processo contínuo de formação, no qual se visa o todo na pessoa, afim de conduzi-la à unidade com Deus. De acordo com as indicações do autor, o âmbito da direção espiritual deve ser livre e espontâneo, sem formalidades e práticas automáticas, ou seja, deve ser um espaço, no qual a pessoa se sinta livre para falar com franqueza e sinceridade.

Depois, no que tange à meditação, Merton esclarece o que se entende por esse termo, principalmente na tradição monástica, evidentemente cristã. Segundo ele, essa prática abre a pessoa à uma comunicação com Deus, levando-a à união e ao amor. O autor clarifica também os passos na meditação e o que se entende por oração. Para ele a meditação leva o fiel a viver plenamente em Deus.

Por fim, Thomas Merton aponta direção espiritual e a meditação como práticas indispensáveis para os que se sentem chamados à união com Deus. Defende a inteireza da pessoa e sua dignidade, rechaçando as vivências artificiais, feitas para agradar. Direção espiritual e meditação, destaca Merton, tem a ver com a realidade concreta da vida da pessoa e num mundo ruidoso e cheio de distrações, serão práticas que conduzem a um silêncio fecundo e à intimidade com Deus.

Leonardo Henrique Agostinho, MSC
Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração,

formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP.