Contemplação num mundo de ação: obra aborda a vida contemplativa

Contemplação num mundo de ação, de Thomas Merton, monge trapista, publicado pela Editora Vozes em parceria com Associação Thomas Merton, reúne escritos de Merton, organizados por ele mesmo, antes de sua morte em 1968. Nesta obra fala-se da renovação da vida monástica católica, ou seja, fala-se da vida contemplativa. Contudo, a leitura deste livro não precisa ser feita somente por aqueles e aquelas que abraçam a vida nos mosteiros, mas a obra pode ser lida por pessoas que buscam viver uma vida profunda de oração, em silêncio e em paz.

Os valores contemplativos, próprios do monaquismo, são apresentados por Thomas Merton, no sentindo de que podem influenciar os leitores (leigos, clérigos ou religiosos de vida apostólica), uma vez que a vida contemplativa pode florescer fora dos claustros, na vida daqueles que se sentem chamados ao contato íntimo com o Senhor, no dia a dia. Fala-se, do início ao fim do livro, da vida do monge, sua formação, dificuldades e belezas. Merton lembra que “o monge não se define pela tarefa que faz, pela utilidade que ele tem” (p. 34). Assim, numa sociedade marcada pelo ativismo, os ensaios deste livro podem contribuir para um estilo de vida, que seja verdadeiramente sadio e com qualidade.

Thomas Merton, como se verifica na obra, acreditava que o monaquismo deve compartilhar seus valores e seus frutos com as demais pessoas. Por isso, segundo ele, os homens e as mulheres que são consagrados à Vida Contemplativa devem ser capazes de comunicar ao mundo suas experiências com os que os procuram. Nesse sentido, a experiência do silêncio, a busca pela paz e pela liberdade interior pode ser compartilhada com os demais fiéis, rumo à experiência de plenitude.

A leitura de Contemplação num mundo de ação e o contato com a experiência dos mosteiros ajudará no despertar de uma vida mecanizada, regida por aspectos superficiais, fúteis e vazios. Esse contato, que pode ser iniciado na leitura desse livro, resultará numa vida simples e livre de coisas inúteis. No fundo, a experiência interior deve contribuir para que a pessoa preserve sua plena identidade humana, frente a desumanização progressiva, que descaracteriza o rosto da humanidade.  A solidão e a percepção do mistério de Cristo, experimentados pelos de vida contemplativa, compartilhados e experimentados pelos outros fiéis, contribuirá para uma vida de contato e diálogo com a sociedade, trabalhando pelo bem comum e pela construção de um mundo melhor.

Leonardo Henrique Agostinho, MSC
Religioso da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração,

formado em Filosofia e estudante de Teologia, na PUC-SP