Cartas de Freud e Jung
Essas cartas são a evidência direta do encontro intensamente fecundo e finalmente trágico de Freud e Jung. O espírito de tragédia, no entanto, reside apenas no encontro – o drama das próprias cartas – e se desenrola de maneira quase clássica para a catástrofe prefigurada do conflito e da discórdia. Não cabe propriamente dizer que as vidas e as carreiras de Freud ou Jung tenham sido tragicamente alteradas; da ruptura inevitável, com efeito, ambos souberam extrair certos valores criativos.
Ao contrário das menções polidas e simpáticas trocadas a propósito de suas obras publicadas quando ainda eram colaboradores, ou de tudo o que escreveram sobre seu relacionamento durante o amargo desfecho, as cartas dão o mais acurado testemunho da interação complexa dessas duas personalidades únicas, tão ligadas uma à outra, não obstante tão dessemelhantes.
O diálogo inevitavelmente incita às interpretações analítica e psicanalítica, à ruminação filosófica sobre suas origens, seus efeitos e seu “significado”, bem como à avaliação de suas agressões, projeções, magnanimidades, rasgos de sabedoria, partículas seminais e tudo o que ainda possa, eventualmente, ser colocado na balança. Uma apreciação da correspondência nesses termos foi, porém, vedada pelos filhos dos dois personagens, que, ao concluírem um acordo para publicarem as cartas, prudentemente estipularam que elas deveriam ser tratadas “como documentos históricos… a fim de garantir a imparcialidade”.
Confira abaixo a primeira carta escrita por Freud para Jung.
Esta e muitas outras correspondências entre Freud e Jung estão no livro “Cartas de Freud e Jung”.
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